Já aconteceu de você estar rodeado pela família e amigos, e de repente perceber uma características neles que combina com algum personagem seu? Essa pode ser uma técnica de criação de personagem mais natural que há.
Criar personagens pode ser difícil para alguns escritores, pois moldar as características de personalidade requer um leque de opções. E pode apostar que o leque é bem grande, existem pessoas de tudo quanto é jeito.
Porém, na hora de criar um personagem pode ser difícil de lembrar de tudo isso. No final das contas, corremos o risco de criar algo que é bem caricato e simples.
Para evitar isso, irei te propor um exercício de escrita que irá formar um banco de ideias de personagens para você. E tudo o que irá precisar é prestar atenção nas pessoas em sua volta.
Personagens reais: Comece pelos mais velhos e suas histórias
Seus avós e tios, até mesmo seus pais, tem muita história para contar. Geralmente, as histórias que são contadas no almoço de família mostram a grande diferença social e cultural.
“Na minha época, as crianças brincavam na rua”, “na minha época, isso tudo era mato”.
A mudança social que eles vivenciaram são dados importantes para escritores que desejam escrever histórias que se passam em anos anteriores. É o exemplo de história dos anos 60, 70 e 80.
Além disso, é interessante se atentar na forma como eles contam as histórias. Geralmente são causos, situações das quais vivenciaram, mas ela é carregada de informações sobre a personalidade das pessoas.
É muito nítido que a pessoa contando fale que fulano era assim na época. O que ciclano costumava fazer quando morava em outra cidade. Como eles viviam em sítio e fazenda. Como era usar a casinha antes de se ter o banheiro que temos hoje.
Por incrível que pareça, esses detalhes dão muita informação que pode te ajudar a moldar a personalidade de um personagem. E o que é melhor, o leitor irá se identificar com ele.
Personagens reais: Hábitos que as pessoas têm
Todos nós temos hábitos e padrões de comportamentos, sendo alguns deles conscientes e outros não.
Já reparou que alguém pode ter o hábito de andar com algum objeto no bolso?
Ou você reparou que alguém usa a mesma roupa para sair de casa?
Todo mundo tem hábitos, e isso independe de serem considerados bons ou ruins. Atente-se aos hábitos que pessoas tinham, ou ainda tem, e anote-os.
Como dito antes, os mais velhos são mais fáceis de se reparar isso. Alguns desses hábitos são mantidos como uma forma de resistir à mudanças. Principalmente com objetos e pertences antigos.
Outro ponto que vale a pena investigar é o motivo de ter esses hábitos. Tudo tem um porquê, podendo ser consciente ou não. Na maioria dos casos envolvem apegos emocionais. Mas vale a pena averiguar.
Personagens reais: Forma de falar de acordo com a região
Com certeza a sua família veio de outras regiões, e pode carregar suas raízes na forma que ela fala. E não estou falando apenas do sotaque ou gírias (como pão, brotinho legal), mas o uso de determinadas palavras que hoje em dia não são usadas mais.
Por exemplo, os mais velhos podem falar “catacumbas” para se referirem à cemitérios e lápides onde alguém foi enterrado. Não é uma palavra usual hoje em dia, mas talvez na época dessas pessoas fosse.
Outra palavra que percebo os mais velhos usarem até hoje é data, mas para se referirem à um terreno ou lote. Interessante, não?
É claro que a região onde a pessoa vive, e o convívio de pessoas atualmente, impactam a forma de falar da pessoa. Mas alguns resquícios podem ser encontrados, basta atentar-se na forma como ela fala.
Isso também envolve em trejeitos. Há gente que adora conversar com a perna cruzada, outros falam sempre gesticulando e nunca olhando no olho da pessoa.
Deixe tudo anotado pronto para o uso
Fazer esse tipo de observação nas pessoas não significa que irá usar todas as informações de imediato. Deixe-os anotados em um caderno para uso posterior.
Sabe aquele momento que aconteceu um bloqueio? Então, é aí que você pode revirar alguns páginas e encontrar algo interessante.
Se acontecer de conseguir criar algum personagem, mas não utilizá-lo em história alguma, melhor ainda.
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Conclusão
As pessoas que ficam em nossa volta são grandes fontes de inspiração para criação de um personagem fictício. É claro que devemos nos atentar em evitá-los torná-los caricatos e similares demais às pessoas da vida real.
É uma boa oportunidade de observar como as pessoas interagem, falam, gesticulam, quais seus hábitos, para perceber a particularidade de cada um. Dessa forma você consegue criar um personagem único que se conecta com o leitor.