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O tarô e a viagem do herói – Parte 3

o tarô e a viagem do herói parte 3

Dando continuidade ao resumo do livro “O tarô e a viagem do herói”, hoje iremos conhecer os arcanos do eremita, a roda da fortuna e da força. Lembrando que os arcanos maiores do tarô podem ter diversas interpretações dependendo do deck que a pessoa tem em mãos.

Além disso, aqui estaremos olhando para esses arcanos de maneira mais arquetípica, associando mais com aspectos psicológicos nossos. Mas é claro que também podemos usar o nosso conhecimento adquirido aqui para interpretar as cartas em uma tiragem.

Então, vamos lá?

o eremita lhe entrega o verdadeiro nome

Conhecer a si mesmo não é uma tarefa fácil. Até esse momento, o herói seguiu uma jornada de desconstrução de si mesmo, percebendo que o seu eu é mais profundo do que acreditava ser. Para continuar a sua jornada, ele encontra o eremita em uma caverna no alto de uma montanha, e esse sujeito quem lhe ensinará o seu verdadeiro nome.

O processo é demorado, dolorido, pois requer que o herói se encontre no silêncio e solidão.

Se perguntar a uma pessoa quem ela é, e a resposta vir com facilidade, é nítido que essa pessoa desconhece o seu verdadeiro. A menos que ela responda “eu não sei”.

Saber o seu verdadeiro nome é saber a sua verdadeira essência, reconhecer ela e manter-se fiel a ela. Uma vez que a pessoa se perde de sua essência, terá de percorrer toda a jornada do herói de novo. E o momento certo de começar a mergulhar na própria essência, advém de um convite silencioso. Não é um sujeito que parece um mago o convidando a se conhecer, é algo que vem de si mesmo em meio ao silêncio.

Quando a pessoa não mergulha na própria essência, pode acabar tentando copiar o nome do outro. Copiando o que o outro faz, por achar que aquilo lhe define de algum jeito. No entanto não passará de uma cópia barata, um nome que não lhe cabe.

Para conseguir esse nome verdadeiro, o eremita dá ao herói ferramentas que irão auxiliá-lo em seus momentos mais difíceis, para que nunca se esqueça do sua essência e não desista de sua jornada. A ferramenta mágica não fará nada demais, por si só. É o inconsciente do herói que a tornará mágica.

Uma pedra, um talismã, uma frase, uma palavra, uma imagem… seja lá o que for tal ferramenta, quando o herói a olhar e segurar, seu inconsciente o fará ter forças que remetem ao seu verdadeiro nome e assim enfrentar o seu desafio. Porém, não adianta passar a diante essa ferramenta mágica para outra pessoa garantindo o seu sucesso, ele funcionará apenas para o herói. É algo particular dele.

a vocação apresentada pela roda do tempo

Saindo da carta do eremita, o herói agora já está ciente da própria identidade, mas há ainda perguntas a serem respondidas. Uma delas é qual a sua vocação. Ele compreende que está nesse mundo para cumprir um dever, mas qual é esse dever?

A roda da fortuna vem para lhe mostrar.

Apesar do que nome implica, aqui não vai falar necessariamente de prosperidade e riquezas, mas sim do tempo e os seus ciclos. Afinal, esse é o simbolismo da roda, sua forma circula representa o infinito onde não conseguimos ver o seu começo e nem o final, mas conseguimos entender que há sempre um recomeço em algum momento. Assim são os ciclos que vivenciamos em nosso dia a dia, repleto de começos, meios e finais e então partimos para os recomeços.

Quando a carta surge em uma tiragem, ela pede que o assunto em questão seja dominado, assim como uma fera (que será vista e analisada na carta seguinte). No entanto a tarefa a ser concretizada é a mais difícil de todas!

Podemos analisar psicologicamente essa carta da seguinte maneira: segundo Jung, temos quatro estruturas funcionais da nossa consciência: pensar, sentir, perceber e intuir. Porém, não as temos em perfeito equilíbrio, uma sempre fica faltando e precisamos desenvolvê-la quando alcançamos a maturidade. Essa seria a difícil tarefa que a roda da fortuna pede que cumpramos.

Tais características são opostas uma a outra, e é natural que na medida em que crescemos uma dessas características se acentue, o que faz com que o seu oposto seja empurrada para o inconsciente.

  • Intelectual: sua função principal é o pensar, as funções auxiliares são intuir e perceber, a função inferior é sentir. = Elemento ar
  • Sentimental: sua função principal é o sentir, as funções auxiliares são perceber e intuir, a função inferior é pensar. = Elemento água
  • Intuitivo: sua função principal é o intuir, as funções auxiliares são sentir e pensar, a função inferior é perceber. = Elemento fogo
  • Perceptivo: sua função principal é perceber, as funções auxiliares são pensar e sentir, a função inferior é intuir. = Elemento terra

o intelectual

Considerando que sua principal função é pensar, a função do sentir é jogada para o inconsciente. Nesse caso é a pessoa que tem dificuldades em dar voz, perceber, estar consciente de suas emoções. Isso não significa que ela não sente nada, mas acontece que seus pensamentos racionais são mais fáceis e rápidos do que seus sentimentos.

Quando chega o momento de lidar com a sua roda da fortuna, ela precisará encarar os seus próprios sentimentos. Desenvolvê-los poderá ser um processo lento e doloroso, já que a razão se sobrepõem como muito mais facilidade. Sendo assim, a pessoa pode achar muito incômodo lidar com sentimentos, pois não consegue manuseá-los tão racionalmente quanto os seus próprios pensamentos.

Geralmente são pessoas que vão dizer “acho que sinto isso”. Ou seja, haverá incertezas sobre sentimentos, já que eles não são desenvolvidos tal como deveria. Por conta disso a terceira função que fica mais ou menos desenvolvida, e por isso mais próxima do inconsciente, é o perceber, pois ele está mais relacionado aos sentidos. As informações que ele capta e que são possíveis de serem racionalizadas serão bem aproveitadas, enquanto que as abstratas parecem ilógicas igual ao sentimento.

o sentimental

Sendo o completo oposto do intelectual, aqui a pessoa não desenvolve a capacidade de pensar, pois para ela o sentir já é óbvio. Usando os cinco sentidos para perceber o mundo (o que justifica o fato do perceber ser a segunda função mais desenvolvida), a pessoa terá dificuldades de racionalizar logicamente o que sente.

Outro ponto que um sentimental precisaria desenvolver seria a visão interior que se relaciona com a função de intuir. O sentimental se apega ao que consegue perceber, porém há coisas que a intuição consegue captar. Nesse sentido, o sentimental ainda tem um pouco de dificuldade.


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o intuitivo

Entendemos que o sentir e o intuir estão muito conectados, pois estão relacionados aos cinco sentidos e desligados do processo de racionalização. As informações que eles captam não serão analisadas metodicamente para se tornarem lógicas.

Por esse motivo o tipo intuitivo acaba sendo aquela pessoa que vive no mundo das fantasias, pois ele consegue enxergar várias possibilidades diante de seus olhos, porém ignora por completo a realidade lógica por trás delas. E o perigo mora aí, pois o intuitivo não consegue realizar nada justamente por continuar fantasiando.

A sua maior dificuldade é justamente olhar a realidade de maneira simples, vivenciá-la e deixar que coisas aconteçam naturalmente para que possa entrar em ação.

o perceptivo

O tipo perceptivo recebe as informações as processa de maneira lógica, o que justifica o fato da função pensar ser a segunda mais desenvolvida. Ele também consegue utilizar dos cinco sentidos para captar essas informações, sendo assim ele é consegue dar voz aos sentimentos, porém a sua intuição não é nem um pouco desenvolvida.

Isso porque ele vai sentir necessidade do palpável, a intuição é como uma incerteza que o deixa inseguro de confiar.

Essas quatro funções podem ser encontradas sendo representadas pelos quatro querubins que se encontram no canto da carta da roda da fortuna. Eles também podem simbolizar os respectivos elementos naturais (terra, ar, fogo, água), que se certa forma se conectam à essas funções. Sendo assim, o herói se questiona o que deve fazer, e a carta responde que há uma função que deve ser aprendida.

A partir disso são as experiências que a pessoa vivenciará para poder se tornar um ser inteiro, pois até aqui uma parte de si estava faltando.

a força instintiva de um leão

Correspondente feminina à carta do mago, a força demonstra a paixão pela vida, vitalidade e prazer. Aqui fala da harmonia entre o homem civilizado e a sua natureza animal. Essa é uma carta que podemos encontrar sendo representadas em mitos antigos com muita facilidade, nos ensinando a valiosa lição de que não devemos matar a fera e sim domá-la.

Vamos entender melhor isso.

A carta mostra uma mulher segurando um leão pela sua boca. O leão é uma fera selvagem que simboliza o nosso instinto selvagem, nossos desejos, impulsos, até mesmo a agressividade. O lado selvagem do ser humano que visa sobreviver dentro do mundo, sabendo lutar e se defender quando necessário e seguindo a sua natureza para manter a espécie viva através da reprodução. Aquilo que racionalmente não é controlado e às vezes nem compreendido.

Em mitos antigos vemos que se o herói matar a fera, ele vai se dar mal. Será castigado ou sofrerá grandes perdas. Isso seria a forma de se recusar a aceitar o divino e a missão que precisa ser cumprida.

No entanto, a carta mostra a figura feminina que domina a fera aceitando a sua existência, e não a extinguindo.

A fera pode ser vista de um ponto de vista psicológico como a nossa sombra, aquilo que evitamos de entrar em contato e até mesmo negamos a sua existência. A sombra também pode conter características que não reconhecemos em nós mesmos, mas que encontramos facilmente nos outros. Porém, não devemos pensar que a sombra abrange tudo o que é conscientemente reprovável, seja por causa da nossa moral criada enquanto crescemos, dentro da sombra se encontram pontos positivos que valeriam a pena o esforço de desenvolvê-los. O motivo de estarem lá é porque conscientemente são ideias difíceis de serem concebidas. Ou seja, é algo tão extraordinário que pensamos não sermos capazes de desenvolver.

Quando o eu encara essa temível fera, ele poderá ser facilmente engolido por ele. Em alguns povo antigos, esse processo é chamado de perda da alma. Por isso, para enfrentá-lo, é necessário que esse eu esteja fortalecido o suficiente para aceitá-lo e domá-lo.

Uma vez que o eu esteja fortalecido, ele conseguirá conversar com essa fera e não permitir que seja engolido por ela.

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