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O tarô e a viagem do herói – resumo do livro {parte 1}

Essa semana iniciaremos um breve resumo sobre o livro “O tarô e a viagem do herói” que vai trabalhar arquetipicamente os arcanos maiores do tarô. Se você quer estudar os arcanos, e entender o que eles podem simbolizar, venha comigo que iremos aprender usando a psicologia!

A jornada do Louco

Diferente dos heróis em que apresentam uma imagem de herói forte e com poucas fraquezas, o louco (ou tolo em algumas interpretações) apresenta um protagonista completamente fraco, bobo e inocente. Em algumas histórias é apresentado um protagonista da qual ninguém consegue acreditar ser capaz de cumprir grandes façanhas, que não consegue ter força para enfrentar os perigos e muito menos inteligência para desvendar mistérios. É aquele personagem que atrai o riso e a descrença, pois a sua aparência e covardia serve como um rótulo para a inutilidade.

Adivinha quem se torna o verdadeiro herói de todas essas histórias?

O louco apresenta justamente essa face. Aquela que não é levada à sério, aquela que é menos esperada para resolver as coisas. Muito comum encontrarmos em filmes e séries um personagem que apresenta sinais de loucura psicológica, mas que no fim detém um grande saber ou poder.

Dentro da jornada do herói, o protagonista costuma passar por uma transformação que o fará mudar. Mas quando se trata do tarô a mudança acontece ao mesmo tempo que não. Ele será um sábio, mas um sábio tolo. Haverá ainda a sua face maluca e ingênua, mas por trás dela haverá a sabedoria.

Em alguns decks de tarô haverão a simbolização de um animal que acompanha o louco em sua jornada, em sua grande maioria o cachorro. O animal representa o instinto que auxiliará o protagonista em sua jornada, mantendo-o seguro para que não caia. Os instintos sempre nos guiam para o melhor caminho, e é bom ouvi-los em situações perigosas.

Outra representação são os cenários que simbolizam as dificuldades da qual lhe aguardam. Uma montanha da qual deverá escalar para atingir um objetivo, ou um conhecimento que será dado pela carta do eremita. E para essa jornada, o louco carrega a sua bagagem inaproveitada, conhecimentos que adquiriu até o momento prévio de sua partida, e que ainda podem ser usados.

O conhecimento que o louco já tem em sua bagagem não o impedirá de explorar o mundo. É literalmente como uma criança que irá viver para aprender. A sua curiosidade o fará experimentar coisas novas independente de serem perfeitas ou não. Até que sua curiosidade seja sanada, ou a vitória conquistada, ele não para. Tampouco irá se importa se é certo ou errado, se será julgado por isso ou não. O que lhe interessa é explorar e aprender.

Porém, justamente por ser tão leve em sua jornada que o tolo pode correr o risco de não compreender a ideia por trás da coisa toda. Sua ingenuidade é boa para não limitá-lo, mas também pode fazê-lo não levar à sério o que se deve.

Os Pais Celestiais

Dentro de histórias antigas o herói tem 4 pais, sendo um par chamados de pais celestial e o outro chamado de pais terrenos. Segundo o autor, essas 4 figuras parentais são representadas pelas quatro primeiras cartas do tarô.

O Mago e A Grande Sacerdotisa representam os pais celestiais do herói, representando o feminino e o masculino dentro do plano das ideias. Aqui o feminino e masculino não irão seguir um protótipo biológico, mas sim dos opostos que se complementam.

O mago é percorrido pelo homem com índole de Fausto”, saindo em busca de conhecimento ele pesquisa e se infiltra na natureza a fim de descobrir seus segredo e compreendê-los, tendo a intenção final de dominá-los. Ou seja, trata-se de uma energia externa que move o sujeito a agir em busca de algo, de fazer acontecer.

Sendo o oposto da Grande Sacerdotisa, que espera pacientemente o fluxo da vida deixar acontecer, sem que interfira. Isso significa esperar que seja encontrado, tocado e transformado pelo divino.

A relação do herói com esses dois envolve a sua jornada. Haverá momentos em que ele precisará fazer acontecer algo, e haverá momentos que o algo lhe encontrará. E ambos são caminhos válidos para ele.

O Mago

O mago é uma figura arquetípica que representa a ação criadora. Iluminado por cima, ele recebe energia para agir, havendo sendo uma troca equivalente (o que faz muitos autores relacionarem o mago com um alquimista).

Dependendo do deck de tarô, haverá uma forte presença do número quatro (seja uma mesa quadrada, nos quatro naipes sobre a mesa que representam os quatro elementos). Não chega a ser estranho, pois o número quatro pode remeter ao quatro elementos necessários para a criação do mundo. Levando em conta essa questão de criar algo, o mago pode simbolizar as tarefas a serem feitas para atingir um fim.

Nesse caso, estamos falando de inteligência, habilidade, vontade e força para cumprir as tarefas impostas pela vida para atingir um determinado fim.

A Grande Sacerdotisa

Sendo o completo oposto do mago, a grande sacerdotisa é a paciência em deixa a natureza seguir o seu fluxo. Sua sabedoria lhe confia que tudo tem o seu tempo certo para acontecer, e por isso espera pacientemente esse momento chegar. Ela é quem incentiva o herói a escutar a sua voz interior, sua intuição, para que não seja precipitado.

Dependendo do deck de tarô, a grande sacerdotisa irá se encontrar entre duas colunas, duas árvores, sentada nesse espaço. Essas duas colunas, ou seja lá o que estiver ali, representam as ideias opostas que se completam. Sendo assim, por ela estar sentada exatamente no meio representa saber a necessidade dessa união de opostos.

Um dos sinais que mostram o fato dela saber disso é o rolo que se encontra em seu colo. Ele simboliza o conhecimento que a sacerdotisa tem e que se dispõem a ela para que possa interpretá-los. Diferente do mago de que provavelmente leria os textos e seguiria o passo a passo, a sacerdotisa interpreta as palavras para adquirir o conhecimento escondido por trás das linhas.

Lembrando que também tem o fator cíclico da deusa, que em alguns tarôs é apresentado com as lua tríplice em sua coroa. Apesar disso, ela não estará simbolizando a Grande Mãe, mas sim o conhecimento que é escondido na sombra, da qual é necessário uma luz refletida para ser vista e encontrada. Por isso ela pode estar representando os sonhos, intuição, aquilo que existe, mas não na superfície.


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Os Pais Terrenos

Os pais terrenos são o oposto dos pais celestiais, atuando no campo do concreto ao invés do campos das ideias. Eles são representados pela Mãe Natureza e a Força do Cultivo e da Civilização. No deck de tarô, essas duas forças são apresentadas como a carta da Imperatriz e do Imperador.

A imperatriz irá se apresentar como a Mãe Natureza, aquela vive seus ciclos infinitamente, trazendo abundância em sua fertilidade para propiciar aos seus filhos a farta colheita. É claro que haverão momentos de tempestades e erupções, assim como há momento em que a colheita chega ao seu fim, porém ela receberá a ajuda do Imperador para que não falte nada ao seu herói.

O imperador é aquele que dará luz ao que é material com a intenção de auxiliar e facilitar a vida do herói. Então é ele quem irá construir uma casa para abrigar o herói quando a imperatriz trouxer chuva, é ele quem irá construir cilos para estocar o alimento, sabendo que a imperatriz encerrará o seu ciclo de colheita.

E assim como os pais celestiais, os pais terrenos também precisam viver em harmonia, pois se não gera um desequilíbrio. A Mãe Natureza também trabalha com a selvageria da vida, podendo deixar o herói em perigo. Já a força da civilização pode afastar o herói da sua verdadeira natureza com seus prédios concretos e facilidades que deixam o herói acomodado e inerte.

O que difere esses pais entre si é a questão do recomeço. A Imperatriz é cíclica, e por isso o seu fim chega para se tenha um recomeço. É como um círculo onde não se sabe o seu começo, o seu meio e nem o seu final. Já o Imperador é linear, reto, tudo o que ele cria tem um final.

A Imperatriz

A imperatriz então irá representar a Mãe Natureza, aquela que cuida, que nutre, que é fértil e cíclica. Em alguns decks de tarô é possível notar esses pontos nos detalhes de sua coroa, onde há doze diademas simbolizando os doze meses do ano. O cenário em que ela se encontra, podendo ser em meio a um grama ou floresta, também pode remeter às estações do ano.

Sendo assim, sua representação interpretativa envolvem a criatividade e a energia vital. Isso porque quando há algo por vir, uma ideia ou qualquer outra coisa, é preciso nutri-lo até que ela nasça. E partir daquela ideia, outras poderão surgir, não tendo um fim.

O Imperador

Estrutura, clareza, ordem e realidade são alguns pontos do imperador. Ele representa o patriarca, aquele que detém a responsabilidade de manter a ordem de uma família, aquele a sustenta como um forte pilar. Apesar de haver esse conceito de patriarcado, não significa que o imperador seja ultrapassado ou extremista.

Na verdade, a sua força advém em fazer algo acontecer. Tomar a iniciativa para que algo se torne concreto. Toda ideia que é gestacionada pela imperatriz, é colocada em prática pelo imperador. Por isso ele protegerá a vida como o seu guardião.

Conclusão

Nessa primeira parte do post aprendemos o significado das cinco primeiras cartas dentro do contexto da jornada do herói. Lembrando que o louco não é o protagonista da história, mas uma representação simbólica, assim como as demais cartas também retratam alguma parte do “eu” que é o herói.

Na próxima parte iremos ver o herói iniciando os seus preparativos para sair dessa jornada, por isso fique atento ao blog para não perder esse aprendizado mágico!

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