Bruxaria Caminho da Lua

A magia de Hecate – Resumo Introdutório

A Magia de Hecate

Você já ouviu falar sobre a Deusa Hecate? Saiba que há uma uma forma de cultuar a Deusa, mas antes iremos conhecê-la um pouco mais.

Muitos leitores me pediram para falar sobre o culto a Hecate, quais são os seus mistérios e representações, qual a sua história e muito mais. No entanto, somente aqueles que a praticam poderiam explicar melhor como é o culto a essa Deusa.

Mas nada impede de que eu te ajude com breves resumos sobre Ela.

Para isso, estarei usando como referência alguns livros que consegui encontrar na internet, e que falam um pouco sobre a sua prática. Levem em consideração que para esse post não ficar muito longo, estarei dividindo ele em partes.

Hoje iremos entender os conceitos de Hecate e sua parte histórica.

Dentro da bruxaria existe uma abertura que permite a pessoa cultuar quem ela quiser. Existem diversos deuses pagãos com suas múltiplas faces que podem ser associados a cada aspecto da vida do ser humano, tanto interna quanto externamente. Dentre esses deuses há Hecate, uma deusa grega que carrega tantos mistérios que somente quem a cultua consegue entendê-la.

Resquícios de uma prática antiga

Um ponto que todo bruxo interessado no culto de Hecate precisa sempre lembrar é que tudo o que ele irá aprender agora não se trata da mesma prática que uma vez foi feito em tempos antigos. É sabido que Ela é uma deusa antiga e que foi cultuada entre os gregos e romanos milhares de anos atrás. No entanto, não há resquícios de seu culto. Não se sabe como eram feitos essas práticas, quais os rituais, os símbolos, orações e tudo mais. Os detalhes do culto à Hecate se perdeu com o tempo.

Sendo assim, o que é praticado atualmente trata-se de resquícios encontrados por estudiosos e adaptações feitas pelos neopagãos. Essa adaptação sempre leva em conta a necessidade do devoto, além de suas questões morais e culturais da época vivida. Por exemplo, na Grécia Antiga provavelmente o sacrifício de animais foi uma prática comum em rituais pagãos, porém atualmente é ilegal e moralmente errado. A cultura está em constante mudança junto da evolução do ser humano, e isso irá afetar a sua prática religiosa também. Com isso podemos entender alguns motivos que levam à mudança no processo de adoração de divindades antigas como Hecate.

As faces da Deusa

Dentro do paganismo o culto da lua como face divina da deusa é muito comum, sendo que até as suas fases são divididas e associadas a diversos arquétipos femininos. Temos a fase crescente associado à deusa na fase donzela, a fase cheia associada à Grande Mãe e a fase minguante associada à face anciã. Hecate é mais associada a essa face anciã, da lua minguante, pois ela representa a morte. Apesar que ela também representa as três ao mesmo tempo.

A morte dentro da bruxaria vai além da morte de um corpo físico. Não falamos apenas de chegar à velhice e então esperar o beijo da morte. Ela se encontra no dia a dia a todo momento quando enfrentamos fases novas de nossas vidas. O fim da infância, a morte do eu infantil, a morte de uma ideia, um conceito, um comportamento, o fim de um relacionamento, de uma fase… a vida do ser humano é repleta de começos, finais e recomeços. Hecate se encontra nesse processo também.

Com o surgimento e popularização do cristianismo, sabemos que luz e escuridão se tornaram forças antagônicas que representam o bem e o mal. A escuridão se tornou sinônimo de coisas ruins, que devem ser esquecidas e jamais permitidas em nossas vidas, e qualquer divindade antiga que estivesse associado essa escuridão também passa a ser demonizado. No entanto, no paganismo não existe essa crença de bem versus mal. O que existe é causa e efeito nessa vida. Estar consciente de cada ato seu e saber que isso retornará para você ainda nessa vida.

Infelizmente, por conta disso a Deusa Hecate também passa a ser demonizada por estar associada à morte e escuridão. No entanto, até onde é sabido essa não é a face unica dela. Hecate também pode ser a donzela que está em sua fase fértil, associada à juventude.

As primeiras representações da Deusa em pinturas e porcelanatos mostram apenas uma de suas faces, o que diverge de sua representação atual como deusa tríplice. Por conta dos mitos que contam sobre Hecate guiar Perséfone no submundo usando tochas, e até mesmo lutando contra o gigantes com as mesmas, há achados que mostram a Deusa segurando tochas, sendo replicadas até os tempos modernos.

É interessante o uso da tocha para guiar Perséfone ao submundo. Se considerarmos outro mito grego sobre como o ser humano surgiu, Prometeu usou o fogo dos deuses para dar consciência aos humanos criados por Epimeteu. O fogo aqui é associado à luz da consciência, o momento do despertar. Pensando um pouco mais podemos entender que Hecate foi a responsável por iluminar o caminho da consciência de Perséfone em direção do seu inconsciente (submundo). Com isso não é surpreendente notar que essa deusa também é aquela que ajuda no processo do autoconhecimento.

Os mitos de Hecate

Quando se trata de mitologias, Hecate não tem muitos mitos próprios. Ela é presente em alguns mitos como o citado anteriormente, contudo não tem a sua própria história. Apesar de sabermos que trata-se de uma figura importante dentro da mitologia greco-romana, percebemos aí que ela tem pouca presença, se não nenhuma, em obras famosas como Iliada, Odisséia e entre outros. Contudo, por ela ser retratada como uma força divina que já era conhecida antes do surgimento dos Olimpianos, conclui-se que Hécate seja uma divindade bem mais antiga do que se imagina.

Levando em conta de que mitologias podem ser histórias baseadas em fatos reais, alguns estudiosos e devotos da Deusa acreditam que a Teogonia, que narra a épica luta entre os Olimpianos e os Titãs, se remeta a uma batalha territorial antiga. Assim como a batalha entre os celtas e os romanos, onde com a vitória dos últimos resultou na absorção de mitos celtas e adaptados para a mitologia romana. Isso significa que existe a possibilidade de Hecate ser uma divindade que existia em alguma outra região antiga que foi adaptada pelos romanos depois de alguma batalha ou guerra.

No entanto, isso é apenas uma hipótese, nada confirmado.


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Os símbolos da Deusa

A trívia

Um dos maiores símbolos de Hecate é a trívia que está relacionada às encruzilhadas. Caminhar por uma estrada e se deparar com várias outras opções de caminhos diferentes pode ser assustadora para quem está se aventurando pelo mundo. É sabido que fazer oferendas nessas encruzilhadas seria pedir ajuda da Deusa para que ela guie e proteja os viajantes em suas jornadas, podendo escolher o caminho certo a percorrer. No entanto, nem sempre um símbolo deve ser interpretado literalmente.

A trívia também pode significar os momentos da vida em que ficamos perdidos por não sabermos quais caminhos seguir, quais decisões tomar. Lembre-se de que a Deusa também está associada ao inconsciente e ao autoconhecimento, sendo assim, ela saberá qual caminho é o certo para o seu desenvolvimento. Se ver o símbolo da trívia em algum lugar, lembre-se que ele está representando as três faces de Hecate, o lugar onde ela te espera para guiá-lo em sua jornada.

As chaves

Outro símbolo seu são as chaves, Hecate é representada como a guardiã do mundo de Hades, controlando quem entra e quem sai desse reino. Se estamos falando de maneira simbólica novamente, já percebemos que a guardiã do nosso inconsciente é a própria Deusa. Se aos seus olhos não parecermos preparados para descer no nosso submundo, mesmo que queiramos iniciar o autoconhecimento, Ela não permitirá a nossa descida. A porta permanecerá trancada até que estejamos preparados.

Além dessa simbologia, as chaves também podem estar relacionado ao próprio mundo dos mortos. A guardiã que espera pela chegada da alma para encaminhá-la para o ciclo do renascimento.

Cerberus

O terceiro símbolo associado à deusa é o cão Cerberus, popularmente conhecido por conta do mito de Hércules. O cão enorme de três cabeças também pode estar associado à Persefone e Hades, o que denota que as divindades ligadas ao submundo podem ter esse cão infernal o protegendo.

É interessante perceber semelhanças entre Cerberus e Hecate. A deusa é representada com cães ao seu lado acompanhando o caminho, ela é a deusa protetora dos portais do submundo guardando as suas chaves, e suas estátuas e imagens a mostram com três faces. Interessante, não?

Strophalos

Já o quarto símbolo conhecido como Strophalos, ou Roda de Hecate, é um símbolo associado à Deusa pelos neopagãos. Segundo a autora, não há registros históricos que liguem o símbolo à Deusa em um culto antigo, ou seja, não existem registros de civilazações antigas usando deste símbolo durante os cultos à Hecate. Por conta de alguns historiados explicarem superficialmente o suposto símbolo que era utilizado, os neopagãos passando a usar o Strophalos.

Os epítetos de Hecate

Os epítetos de Hecate são de suma importância em seu culto. Saber qual face Dela está invocando é essencial, porém muitos devotos podem fazer grandes confusões se utilizarem palavras antigas para chamá-la. Hecate phosphoros, por exemplo, é um epiteto antigo que pode se referir à Deusa como portadora das tochas. Porém, na era moderna, essas palavras antigas não são utilizadas graças às possíveis mudanças na sua tradução.

Uma língua antiga é traduzida e retraduzida diversas vezes. Cada idioma carrega uma palavra que tem um significado similar, mas que nem sempre pode acertar em cheio o que realmente significa. Na era moderna não utilizamos tais linguagens antigas, e seus significados se distanciam do objetivo que o devoto pode estar querendo evocar. Basta chamá-la de Deusa portadora das tochas, e ela estará lá por você.

Dentro do paganismo sabemos que palavras tem poder, por isso chamar a divindade pelo epiteto correto é imprescindível.

Conclusão

Muito bem, hoje conhecemos um pouco dos seus símbolos e história da Deusa. Compreendemos que Ela tem alguns epítetos, mas que os devotos devem evitar de usar os mais antigos por não saberem ao certo o seu significado. Compreendemos que Hecate pode ser uma Deusa antiga o suficiente para não ter tantos rituais documentados ou encontrados por historiadores. Ainda assim, o seu culto permanece vivo nos dias atuais.

No próximo post irei falar mais da prática, como os devotos adaptaram a roda do ano para Hecate e quais os seus símbolos durante os Esbats.

Fonte

A Magia de Hecate

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