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Primeiro emprego: experiência de aprendizado

primeiro emprego

Quando temos o nosso primeiro emprego, passamos por uma situação de expectativa versus realidade. Nesse post eu compartilho o que eu esperava do meu primeiro emprego, e o que eu descobri após ele.

Cada um tem uma forma de encarar a vida adulta. Alguns começam a trabalhar já na adolescência, outros começam após o ensino médio. E ainda tem aqueles que desde pequenos trabalham de alguma forma.

Mas a verdade seja dita, sempre temos uma expectativa quanto ao primeiro emprego. Como ele será, como nos sentiríamos e, principalmente, o que fazer com o salário.

No post de hoje quero trazer essa reflexão, partindo da minha experiência.

O que eu esperava do meu primeiro emprego

Quando eu estudava, sempre dizia que o primeiro emprego seria em uma escolinha. Queria ser auxiliar de professores, mas escola infantil tipo jardim e pré-escola.

Toda vez que voltava da escola de ônibus, eu passava na frente de uma escola que me passava a sensação de ser um bom lugar para começar. E marquei isso na memória.

Ao terminar o ensino médio, entrei no site da escola e mandei um email falando sobre a minha vontade de tentar trabalhar lá. Logo me retornaram e marcaram uma entrevista, onde compareci e conheci a escolinha por dentro.

Devo dizer que as minhas expectativas eram oscilantes. Por um lado eu estava ansiosa para conhecer aquele mundo novo. Além de trabalhar, naquele ano iria iniciar a faculdade. Ou seja, estava entrando no mundo adulto com duas forças que me faziam entender como adulta.

Só que por outro lado eu também não tinha tanta expectativa. Era como se eu andasse em modo automático. Então, meus sentimentos e emoções eram complicados de entender, de certa forma. Era mais ou menos “vamos ver no que vai dar”.

Nunca fui uma pessoa que pensaria do seu primeiro salário como algo para gastar de imediato. Nem ligava para isso, para ser mais exata. Então, eu estava lá apenas por estar.

A experiência inovadora

Quando comecei a trabalhar senti algo diferente.

Eu, literalmente, sai da minha zona de conforto.

O ritmo do trabalho era exaustivo para alguém que nunca trabalhou na vida. Principalmente por ter que correr e cumprir horário. O pior de tudo era ignorar meu cansaço, pois ao final do expediente tinha que correr para a faculdade, pois tinha aula á noite.

Por detestar levantar cedo, optei por trabalhar á tarde. Foi exaustivo. Crianças demandam muita atenção, muito empenho e expertisse. Uma criança já é o suficiente para sugar nossas energias, imagina mais delas.

Quando uma tá quieta, a outra tá fazendo barulho. Duas brigam, tem que trocar fralda, tem que dar comida, tudo respeitando horário. E não podia demorar em trocar a fralda, se não a criança ficava assada.

Além disso, a sede que eu sentia. Era demais, sempre ficando com sede por correr cá e lá. As professoras sempre me incentivaram á fazer o trabalho, de interagir com as crianças e não ser tímida.

Mesmo assim eu me emperrava.

O que detestei no meu primeiro emprego

Por mais que tenha detestado as coisas, isso significa tenha sido culpa da escola. A maioria dos sentimentos vem da minha parte.

A primeira coisa que detestei foi entrar em um ritmo tão louco e acelerado como da escola. Sou acostumada a fazer as coisas com calma, lentidão, e lá era tudo para ontem. Eu demorava para reagir, para entrar no ritmo.

A segunda coisa foi sentir que não fazia parte daquele grupo. Por eu ser mais quietinha, que tinha menos experiência, eu sentia fora da caixinha. Isso me deixava mal, por mais que as professoras fossem super legais em conversar comigo e serem compreensivas.

A terceira foi justamente a questão das câmeras. Lá a gente era observado por câmeras. Então eu ficava sob pressão, pois havia o medo de errar e ser pega por algum erro. Tudo bem que ás vezes eu esquecia a existência do aparelho, mas é aquela coisa da pressão.

Devo dizer que haviam dias que eu estava parada no ponto do ônibus, e vinha aquele pensamento de “saia desse emprego, não é sua praia”. O sentimento de inadequação era imenso, justamente por eu estar em um ambiente tão fora da minha casinha.


Leia também: Da adolescência à adulteza | Experiências de vida e seus significados


O que mais gostei do meu primeiro emprego

Adorei o fato da experiência ter me ensinado sobre crianças. Aprendi á cuidar delas, sobre os pais, sobre a forma como a maioria deles atuam com seus filhos.

Haviam muitas situações em que me diziam para não apegar demais na criança, pois ela precisava ser independente. Mas era nítido que os pequeninos queriam um conforto, provavelmente por conta de estarem em um ambiente estranho sem suas mães.

Tinham algumas que choravam, e as professoras não tinham tanta atenção á elas, pois haviam tantas outras crianças que também demandavam atenção. E eu entrava em ação para dar o conforto, de abraçar, pegar no colo, esperar se acalmar para que ela dormisse na hora certa, comesse ou fazer atividade.

Então, eu senti meu lado materno florescer. O abraço da criança era tudo de bom.

Também gostei bastante de ver como era o mundo adulto. O que é essa vida agitada dos adultos. Uma adolescente entrando nesse universo gigantesco me permitiu sentir um gostinho da independência.

E do que eu era capaz.

O que aprendi com o primeiro emprego

Teve uma lição valiosa nessa experiência de 3 meses. Eu não sirvo para trabalhar para outras pessoas.

Ter uma figura de chefe, alguém com poder sobre mim, me deixa mal. Sinto como se toda a minha capacidade de criatividade fosse restringido pelo medo de errar e ser mandada embora.

Para chegar á essa resposta, eu também observei como me sentia nos estágios obrigatórios da faculdade. E realmente, os lugares que mais me senti bem, onde eu digo para os outros que foi um excelente estágio foi justamente onde não havia essa figura de autoridade.

Pois eu me sentia a autoridade. E essa sensação me trazia empoderamento e confiança sobre minhas habilidades. Dessa forma, eu conseguia exercer aquilo que eu conseguia de melhor.

Tanto que é, que ao terminar a faculdade e optar por trabalhar na internet ao invés de arrumar emprego foi uma decisão que deixa os outros confusos. Mas é tudo em prol de eu ser minha própria chefe, de eu me dar liberdade para criar, e principalmente respeitar o meu tempo.

Quando trabalhamos para os outros, esquecemos disso. Na verdade, é deixado de lado o nosso eu. Então precisamos entrar no ritmo da empresa.

Mas eu não funciono dessa maneira. Não me adaptei. Preciso do meu espaço, do meu tempo, fazer as coisas do meu jeito.

Conclusão

Às vezes é necessário passarmos por experiências para nos conhecermos melhor. Eu achava que trabalhar na escolinha seria um ótimo início, que eu iria desabrochar para trabalhar com crianças.

Desabrochei, de fato, mas para a minha independência no trabalho. Acabei descobrindo coisas sobre mim que somente a experiência iria me dar.

E assim consegui determinar qual o caminho seria o melhor para mim.

E você, qual foi a experiência do seu primeiro emprego? Comente e compartilhe com os outros.

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2 Comments

  1. Trabalhar com medo de errar e ser demitida foi o que também me despertou para esse sentimento de não conseguir trabalhar para ninguém. Minha primeira experiência de trabalho e “vida adulta” tinha tudo para ser ótima! Trabalhava em uma sala comercial com ar condicionado, sozinha, chegava 15h e saía entre 19h e 21h, não tinha a pressão de estar sempre observada. Porém mesmo com todas essas facilidades, por isso aspas em “vida adulta” já que foi bem mais tranquilo do que de fato é ser adulto, eu tinha 3 chefes. Os 3 tinham personalidades muito diferentes e exigiam de mim coisas que uma recém formada no ensino médio jamais saberia, muitas vezes fazendo eu me sentir uma burra. Trabalhei apenas por 1 ano e foi o suficiente para me traumatizar. De fato aprendi muitas coisas e me orgulho de ter aguentado firme durante aquele ano, mas como você falou, trabalhar para alguém limitava meu intelecto e minha criatividade. Adorei ler seu relato, me identifiquei bastante!

    1. Minha nossa, 3 chefes! É muita personalidade diferente cumprindo com o papel de autoridade em um ambiente de trabalho, imagino que impacto isso tenha dado em sua jornada de trabalho. Mas realmente, é tendo experiências que podemos refletir qual caminho é o melhor pra seguirmos.Fico contente que tenha percebido isso.

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