Resolvi encerrar a semana com o mito de como Perséfone se tornou a companheira de Hades, permanecendo no submundo. Optei por começar contando o mito deles, pois quando eu li fiquei impressionada.
Mas só no final do post eu contarei o que exatamente me impressionou.
Podemos ver que a história entre Perséfone e Hades parece aquelas histórias clichês de homem malvado e mocinha boazinha, onde os dois extremos opostos se apaixonam. Mas, se estamos falando de mitologia grega, é óbvio que existem diferenças quando é contado a história.
Mas vamos lá.
Hades sai do submundo
Como sabemos do post sobre o destronamento de Cronos, os irmãos repartiram seus cuidados, sendo de responsabilidade de Hades os cuidados do submundo. Só que estamos falando de um lugar escuro, sombrio então a divindade se sentia bastante sufocado estando lá.
Para poder respirar um ar puro e distrair a cabeça, Hades sai do submundo para passear na terra.
Outros contos falam sobre o vulcão que havia no monte Etna, na Sicília, deixava o deus do submundo deveras preocupado. Isso porque dentro dele estava aprisionado Tifão, um titã que foi derrotado por Zeus. Sua fúria era imensa, fazendo o vulcão cuspir fogo e faíscas.
O que levaria Hades a sair do submundo seria então tal preocupação, precisando ver pessoalmente o que acontecia no monte Etna.
Afrodite e Eros
Uma das coisas que mais divergiram em minhas pesquisas, foi sobre Afrodite e Eros. Muitos lugares dizem que Eros é filho de Afrodite, enquanto outros dizem que Eros foi criação do Caos que fez com que Urano se apaixonasse perdidamente por Gaia.
Para ser sincera, não faço ideia de qual versão é a verdadeira, mas demos continuidade da mesma forma.
Afrodite e Eros estavam na floresta observando mulheres que colhiam flores. A deusa da sedução considerava uma afronta ter deuses tão poderosas que se mantivessem virgens, puras e inocentes.
Dentre as mulheres que colhiam suas flores, estava Perséfone. Ao que tudo indicava, ela também parecia seguir o caminho da pureza.
Enquanto observavam as mulheres, perceberam que Hades havia saído do submundo. Mãe e filho conversaram, acreditaram que ele estaria sofrendo pela solidão em um lugar onde apenas a morte reinava.
Eros pegou de sua flecha dourada e mirou em Hades, que se apaixonou pela mais bela mulher, Perséfone. Filha de Deméter e Zeus, era uma bela moça de cabelos cor de trigo, da qual era protegida por sua mãe.
O rapto de Perséfone e a procura de Deméter
Tomado pela paixão ardente, Hades dirigiu-se até as moças que se dispersaram ao verem a carruagem negra da qual a divindade estava. Perséfone estava desprotegida quando a divindade a segurou fortemente nos braços e fugira.
Ciana viera tentar salvar a bela moça, porém Hades não lhe deu ouvidos e bateu seu tridente no chão para abrir uma fenda que levaria ao submundo.
“Antes, porém, que o raptor e sua presa entrassem pela negra passagem, Plutão, temendo que a ninfa Ciana viesse a dar com a língua nos dentes, transformou-a em uma fonte”.
Não demorou para que Deméter descobrisse que sua filha fora levada por Hades. Ficou desesperada para sair em sua procura. Em outros relatos, dizem que a deusa da fertilidade demorou para descobrir que o autor do rapto de sua filha, fosse o deus do submundo.
Teria Deméter saído em sua procura por 9 anos, se disfarçando de uma idosa enquanto viajava pelo mundo. Perguntava para diversas divindades que encontrava em seu caminho, mas nenhum deles parecia ter visto Hades e Perséfone.
“Durante vários dias e várias noites, Ceres continuou em seu périplo inútil, esquecida de seus deveres para com a natureza. Logo a terra começou a se tornar estéril. As águas não desciam mais do céu para regar as plantações, e a fome começou a se espalhar por tudo.”
A tristeza de Deméter era tanto, que deixou de lado suas atividades de fertilidade. Em meio a sua tristeza, e já cansada de sua jornada, encontrara a fonte Ciana, amiga de Perséfone. Por conta da metamorfose, a garota não podia falar, contudo deu sinais sobre o que teria ocorrido.
Foi aí que Deméter encontrou o cinto que sua filha costumava usar, de tons avermelhados. Descobriu então que fora ali mesmo que sua amada filha fora engolida pela terra e levada ao submundo junto a divindade que governava.
Para poder resgatar sua filha, Deméter foi a procura de Zeus – pai da garota – pedindo por sua ajuda para que Hades devolvesse Perséfone. No entanto, Zeus não queria criar problemas com seu irmão, então disse que nada poderia fazer, já que Hades é o senhor do submundo.
O deus dos deuses disse para Deméter voltar a terra e retornar com suas atividades como deusa da fertilidade, contudo a deusa se recusou a fazê-lo enquanto não tivesse sua filha de volta.
O acordo entre Hades e Deméter
Para poder acalmar Deméter, Zeus propõem que Perséfone poderá retornar do submundo, desde que não tenha comido nenhum fruto que pertencesse aquelas terras.
Assim Deméter foi para as margens de Aqueronte onde esperou pelo barqueiro para que fosse levada até o submundo. Não havia criatura que parasse a deusa, que estava obstinada em levar sua filha de volta a terra.
Quando finalmente encontrou Hades, vira sua filha sentada ao lado de seu trono. O reencontro fora emocionante, Perséfone fora aos braços da mãe. Quando a saudade se fora, Deméter questionou como a filha se sentia no submundo. Perséfone respondeu que não era tão ruim, pois ali ela é rainha.
Em nenhum momento do reencontro Hades se intrometeu na conversa, apenas observando Perséfone contar a mãe que, apesar da maneira tempestuosa de ter sido levada ao submundo, Hades havia lhe tratado bem, com atenção e delicadeza.
A deusa da fertilidade se recusava a ver a filha tão bem em um lugar tão hediondo, e tão breve questionou se havia comido algum fruto daquelas terras. Perséfone respondeu que nas terras de Hades, ela havia colhido romãs, da qual comera uma delas.
Deméter e Hades iriam começar a discutir, já que Perséfone havia comido uma romã, não teria como deixar o submundo. Porém a garota propôs uma ideia que beneficiaria tanto sua mãe quanto o seu marido.
Metade do ano, Perséfone viveria com seu marido, enquanto na outra metade viveria com sua mãe. Durante os seis meses que Perséfone estava com sua mãe, Deméter se enchia de alegria e cultivava as terras. Mas quando sua filha partia, tudo morria.
Assim surgiu as estações do ano. Primavera e verão correspondem a vinda de Perséfone para junto de sua mãe, outono e inverno é a tristeza da deusa em ver sua filha partir para ficar com o marido.
Concluindo
O que mais me chamou atenção em todo esse conto foi de saber que Hades havia se apaixonado por Perséfone. Em alguns sites, dizem que Hades havia se encantado pelo canto de Perséfone, uma paixão que veio naturalmente sem a presença da flecha de Eros.
Quando assisti o primeiro filme de Percy Jackson, achei que Perséfone havia sido levada contra vontade, e que nunca teria criado laços com Hades. Porém, os achados mostram o contrário. Por mais que de início ela tenha sido levada a força, no final das contas teria aprendido a amar.
Não lembra, um pouco, a história da Bela e a Fera? Agora que veio isso em mente. Interessante, não? Mas com certeza esse não deixa de ser a história clichê que tanto adoramos. E foi muito legal ver a ligação com as estações do ano.
Admito, vejo Hades com outros olhos.
Espero que tenham gosta, e até o próximo post sobre mitologias 😉
Fontes
As 100 melhores histórias da mitologia: Deuses, heróis, monstros e guerras da tradição greco-romana – A.S. Franchini e Carmen Seganfredo.
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