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Erros cometidos em histórias de omegaverso

erros do omegaverso

Você já deve ter lido muitas histórias de omegaverso, desde narrativas até os famosos manhwas com os seus enredos chamativos, mas já reparou nos erros que os autores cometem nessas histórias? Nesse post irei te apresentar dois erros que na maior parte das vezes passam despercebidos pelos leitores.

Ultimamente tenho lido tantos manhwas que chego a perder a noção de tempo. Há tantas histórias divertidas só esperando pela gente ler que tranquilamente poderia ficar dois meses sumida daqui só pra me afundar nessas histórias. No entanto, quanto mais eu leio mais percebo alguns erros comuns que os autores cometem, e em especial nas histórias de gênero omegaverso.

Só para deixar claro, são detalhes que me incomodaram especificamente. Já li alguns comentários de leitores que também se sentiram incomodados com esses erros, mas isso não significa que alguns deles seja necessariamente ruim.

Enfim, chega de conversa furada e vamos ao que interessa.

Conhecendo brevemente o gênero omegaverso

Para quem não conhecem o gênero, irei falar sobre ele muito resumidamente. Mas basicamente trata-se de uma espécie humana onde o gênero masculino e feminino não é relevante, mas sim a classe que separa essa sociedade sobre-humana: alfas, ômegas e betas. Essa subdivisão humana difere dos humanos comuns pois aqui a pessoa ela está intrinsecamente ligada ao seu lado mais institivo, aquilo que geralmente no cotidiana é deixado de lado ou até mesmo tendo sua existência negada.

Sendo assim são personagens que são mais fortes fisicamente, são sensíveis aos cheiros e até mesmo a sua presença é diferenciada.

Dentro desse universo o autor consegue trabalhar em uma hierarquia social onde geralmente é mostrado as pessoas alfas como dominantes. Há histórias que trabalham com preconceito pelos ômegas por ser uma classe mais submissa dada ao fato de serem a classe reprodutora. Mas já li histórias onde o contrário acontece, e acredite isso super funciona!

O principal ponto do omegaverso é que aqui os homens ômegas podem engravidar. Além disso, há outros pontos culturais como o nó, o cio, feromônios, a mordida que tornam o desenvolvimento do casal ainda mais profundo e instintivo. Tudo isso pode fazer o autor trabalhar a diferenciação de atração física para o amor romântico mais aprofundado, criando aí uma cultura muito interessante para o leitor.

Desses pontos apresentados o que mais chama a atenção é a questão do cheiro dos feromônios (que seriam hormônios) capaz de atrair um parceiro potencial e a questão da gestação. Nesses dois pontos os autores por si só precisam tomar muito cuidado, pois podem acabar passando uma ideia contrária do que a necessária.

Para algumas pessoas o omegaverso pode parecer um gênero muito absurdo, mas há histórias em que isso é tão bem trabalhado que é possível compreender o seu potencial.

Primeiro erro: exagero das cenas hot

As cenas de sexo são uma das mais importantes, pois é um momento de vulnerabilidade e exposição dos personagens. A intimidade do casal nos mostrará como eles se sentem um com o outro, como reagem aos toques e toda a questão da sensibilidade. Se o autor tiver o tato, poderá mostrar para o leitor que a entrega ali aprofundou a conexão entre o casal.

Porém, não são todos os autores que sabem usar as cenas quentes devidamente.

Principalmente em manhwas e mangás, é nítido a sexualização exagerada e desnecessária dos personagens. Se você tirar todas as cenas de sexo, vai sobrar nem 20 capítulos de história. E analisando bem, você se dará conta de que o enredo nem sequer é relacionado ao ato sexual em si. Ou seja, os autores e editores escolhem encher as histórias de cenas sexuais como forma de atrair mais leitores.

Mas nem todo leitor irá deixar isso passar.

Isso que nem vou falar sobre “tamanho”. Há certos manhwas que chegam a ser desproporcionais quando o assunto é ato sexual, pois eles passam a mensagem de que quando maior for a genitália, maior o prazer. No entanto, isso acaba gerando cenas sexuais desconfortáveis, longas (tipo, passar a noite toda transando até caírem de exaustão) e surreais.

Obviamente que o ato sexual é diferente de pessoa pra pessoa, cada um tem uma forma pessoal de enxergar isso. Mas não consigo ver o motivo de endeusar homens com genitálias gigantes como se fossem os reis do sexo. Para mim, se ele só sabe usar o próprio corpo pra “meter”, então ele já digno de perdedor, pois o ato sexual vai muito além da própria penetração.

Gosto sim de cenas sexuais, mas desde que elas tenham um propósito de ajudar no desenvolvimento do casal. Se não, eu dispenso.

Segundo erro: diálogos ignorados durante as cenas hot

Muito bem, estamos lendo a cena do casal na sua intimidade, gemidos para lá e pra cá, onomatopeias pra todo lado até que… vem o diálogo que mais perturba.

É muito comum que o personagem passivo, geralmente ômega, diga “não”, “não toque aí”, “me sinto estranho se me tocar aí”, “não faça isso”, e mesmo assim o seu parceiro dar continuidade ao ato sexual com a fala “você quer mesmo que eu pare? O que seu corpo me diz o contrário”. Enquanto escrevia isso acabei revirando os olhos, desculpa.

Isso nem é um problema exclusivo do omegaverso, romances no geral podem apresentar isso.

Se você não sabe, isso já pode ser considerado uma cena de estupro e de abuso sexual. O “não” foi dito, e mesmo assim o personagem não teve o seu limite respeitado pelo parceiro. A intenção dos autores e editores em colocarem essas falas na cena é mostrar um passivo que está experimentando sensações desconhecidas e por isso acaba falando o não. Ou então de tornar o personagem numa pessoa envergonhada e puxar para o arquétipo inocente para atrair ainda mais leitores.

Mas é aquilo, independente de qual seja a intenção, o personagem não deixa de falar “não”. O corpo é dele, então ele tem propriedade para falar que mesmo sentindo prazer, é desconfortável e por isso não quer continuar.

Quando leio essas cenas e o personagem diz repetidamente o não, me dá a impressão de que ele está implorando porque não sabe lidar com essas sensações. Então quando o ativo continua com o ato, já fico desconfortável pois ele não está dando a devida atenção aos limites que o seu parceiro impõem.

É muito nítido que os autores e editores usem esses diálogos com o propósito de mostrar que a experiência do casal é algo grandioso. Do tipo que fará o leitor pensar “o cara é bom mesmo, ele fez o personagem tal se sentir assim”. Mas se analisarmos bem nos damos conta de que o ativo simplesmente buscou saciar a si mesmo ignorando ao pedido de que pare.

Isso vem somado à representação de passivos sempre chorando durante o ato sexual. No tópico anterior falei das genitálias desproporcionais dos ativos, certo? A cena seguinte à penetração é um quadro focado no rosto do personagem passivo que começa a chorar por causa do incômodo que sente no começo da penetração.

Mais uma vez os autores e editores querem romantizar o passivo ômega chorando como se fosse uma coisa boa. Romantizar a dor e o desconforto do ato sexual.


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Terceiro erro: cadê a barriga desse ômega?

Se tem algo que os leitores buscam em histórias do omegaverso, é um ômega gravidinho. Os leitores ficam ansiosos esperando a reação do alfa, e o desenrolar da história que vai mudar com a chegada desse novo personagem. Não seria estranho dizer que os leitores se sentem madrinhas e padrinhos desse filhotinho.

Mas em manhwas é muito interessante perceber que os ômegas podem estar com a gestação avançada, mesmo assim não aparece a barriga. Eles continuam com a barriga tanquinho saradinha, seis ou oitos gominhos. Até eu que consigo ter uma barriga maior que esses ômegas gestantes, basta me empaturrar de comida.

Isso acontece por causa das cenas de sexo. Ih, mas de novo? Sim! De novo.

Mesmo depois da descoberta da gestação os personagens continuam com suas atividades sexuais como se nada tivesse acontecido, e por algum motivo os autores e os editores devem achar que uma barriga de gravidez nua deve ser horrível de aparecer. É muito nítido que essa escolha é muito mais pela estética do que racional.

Estamos falando de um ser humano. Uma criança nasce com 2 à 3kg. Por acaso o útero desse ômega é a bolsa mágica da Hermione? O bebê tá sendo desenvolvido num vácuo dimensional?

Os autores precisam se lembrar de que uma história que aborda a gravidez é muito aguardada pelos leitores justamente pelas mudanças físicas que ela trás. O corpo muda com a gestação, não é apenas uma fome voraz, enjoos matinais ou então dores nas costas e o sono digno de um urso se preparando pra hibernar. As mudanças no corpo são o suficiente para deixar a mãe até mesmo com sua autoestima baixa.

Há mulheres que desconhecem o seu corpo durante a gestação. Algumas não se sentem bonitas, e temem que os seus parceiros vão abandoná-las, justamente por ver que o corpo está mudando, saindo do padrão de beleza. Além disso, elas sabem que o corpo pode mudar até mesmo depois do parto. Conseguem entender como que a gravidez ela é capaz de mexer com o psicológico de uma pessoa? Isso vai além de escolher criar a criança ou não, de passar a ser responsável por uma vida que dependerá cem por cento de si.

Aí lê um manhwa onde o ômega fica grávido… e não aparece a barriga. Não parece que tá reforçando o esteriótipo de que a barriga da gestação não é atraente sexualmente?

Os leitores gostam de ver essa barriguinha, elas ficam ansiosas pois a ideia da gravidez se torna cada vez mais nítida.

Conclusão

Hoje apresentamos erros comuns em histórias do gênero omegaverso. O primeiro é o exagero nas cenas de sexo, muitas vezes desnecessárias e desconfortáveis para o leitor. O segundo é a falta de respeito aos limites do personagem passivo durante as cenas quentes, o que pode ser considerado uma cena de estupro. Além disso, os autores muitas vezes ignoram as mudanças físicas que ocorrem durante a gestação de um ômega, deixando de mostrar a barriga da gestação. Esses erros podem afetar a qualidade da história e a experiência do leitor.

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