Mitologias

Divindade celta: figuras femininas da mitologia

Divindade celta: figuras femininas da mitologia

Em nosso último post sobre mitologias, dei um introdução á respeito da cultura celta. E agora, vamos dar continuidade, conhecendo a divindade celta dentro das mitologias.

Não irei fazer um post para cada um, por ora, pois não vejo a necessidade. Caso tenha material suficiente para criar um post singular para determinada divindade, eu o farei. De qualquer maneira, consideremos esse apenas como um primeiro contato com as divindades celtas.

Relembrando a cultura celta

Aprendemos no último post sobre os celtas e a forma como eles contavam suas histórias. Por conta da escrita que não era ensinada á todos os celtas (somente os druidas podiam escrever, e ainda assim a linguagem é imensamente difícil), as histórias eram contadas oralmente.

Os autores ainda avisam sobre a maior parte das divindades terem sido identificadas a partir de esculturas e pinturas modernas.

Vale avisar, também, que o número de divindades são enormes. Então tem a possibilidade desse post ser dividido em mais partes.

Outro ponto bastante curioso dentre as divindades celtas, em especiais as femininas, encontrarmos aspectos tríplices. Ou seja, uma determinada deusa ter uma, ou todas, as três faces que representam a vida feminina.


Leia também: Hecate a Deusa tríplice grega | A Deusa sagrada da bruxaria


Muito bem, aula de história introdutória concluída, agora vamos ao que interessa.

Divindades femininas

Aine

Conhecida como divindade do amor, desejo e da fertilidade. Ela seria uma Deusa Irlandesa associada ao Solstício de Verão, sendo soberana da terra e do sol. O seu significa alegria, prazer, esplendor, sendo considerada como sobrevivente na forma de Fada Rainha.

Segundo os mitos, ela ajudava os viajantes perdidos nos bosques irlandeses. Para chamá-la, bastava bater três vezes em um tronco de uma árvore, cujas flores fossem brancas. Dizem que ela não tarda em ajudar os perdidos.

Ela tem uma irmã gêmea chamada Grian (Rainha dos elfos), sendo que ambas alternavam-se como Deusas do Sol Crescente e Minguante da Roda do Ano, trocando de lugar nos solstícios. Aine era considerada ao aspecto da Deusa Mãe dos celtas, também conhecida como Ana, Anu, Danu ou Don.

É filha de Dannann, e esposa – algumas vezes filha também – de Mannann Mac Liir. Aine é mãe de Earl Gerald também. Conhecida como uma feiticeira poderosa, os seus símbolos mágicos são: égua vermelha, plantações férteis, gado e o ganso selvagem.

Segundo a antiga cultura pagã, era parte da crença que no solstício de verão, os Povos pequenos viam á Terra em grande quantidade, por conta do período de equilíbrio entre Luz e Trevas. Estando em paz com esses Povos pequenos, poderia ficar em pé ao centro de um anel-das-fadas, conseguindo exergá-los. Ou seja, o solstício era considerado um ótimo período para fazer amizades com as fadas.

Arianrhod

Guardiã da “roda de prata” que circunda as estrelas, é considerado um símbolo do tempo e do carma. Ela é a Deusa da reencarnação, Lua Cheia dos namorados, e a Grande Mãe frutuosa. É considerada uma figura do poder e autoridade feminina, sendo também considerada a Deusa dos Ancestrais Celtas.

Também é conhecida como a deusa da fertilidade de tudo o que é eterno, tendo o seu espírito como símbolo de profecia e sonhos, controlando a dimensão do tempo. Á ela são atribuídos os poderes da coruja, que usa seus olhos para ver o subconsciente da alma humana. Olhando para a simbologia da própria coruja, encontramos a representação da morte, renovação, sabedoria, magia da Lua e as iniciações.

Dentro da tradição Avalônica, Arianrhod corresponde ao elemento fogo e o seu chakra é o cardíaco. Na tradição Celta, ela também tem uma representação tríplice: donzela, mãe e crone, que mostram os três estágios da mulher.

Assim sendo, contam os mitos que Arianrhod é filha do Deus Don e é mãe dos gêmeos Lleu Llow Gyffer e Dylan. Ela vive em um reino estelar na constelação Corona Borealis (também chamado de Caer Arianrhod), junto de sacerdotisas. Lá, ela decide o destino dos mortos e os carrega para a Lua ou para sua constelação.

Blodeuwedd

Por conta da tradução de seu nome, “flor branca”, essa deusa é representada por lírios brancos em cerimônias de iniciação em Gales. Ela foi criada por Math e Gwydion, um druida, para ser a esposa de Lleu, porém ao cometer o adultério e conspirar a morte do marido, foi transformada em coruja.

Também conhecida como a Deusa das Nove Aparições das Ilhas Ocidentais do Paraíso.

É a representação virginal da Deusa Tríplice dos galeses, tendo a coruja como o seu segundo símbolo.

Blodeuwedd é conhecida por ser a deusa das flores, sabedoria, mistérios lunares e das iniciações.

Boann

O nome dessa divindade pode ser traduzida como “mulher das vacas brancas”, no entanto em seus mitos não existem vacas. Para explicar essa junção incoerente, é dito que a vaca carrega o simbolismo da riqueza e da fertilidade.

Essa divindade é conhecida por conta do Rio Boyne. Conta-se a história de que havia um poço que ficava á sombra de nove aveleiras que produziam avelãs vermelhas. Por analogia, quem comesse do fruto, adquiria todo o conhecimento do mundo, e os salmões que viviam no poço eram os únicos á se alimentarem dos frutos.

No entanto, nenhuma divindade poderia se aproximar do poço e das avelãs. Era proibido. AInda assim, Boann se aproximou do poço e levantou a pedra que protegia tal poço.

As águas se ergueram e levaram Boann para longe, sem nunca mais retornar ao poço, dando-se origem ao rio Boyne. Dependendo da versão do mito, contam que Boann ficou cega na medida que o rio era formado.

Essa cegueira carrega o simbolismo do desenvolvimento da visão interior diante da cegueira exterior. Como no poço viviam os salmões, eles passaram á viver no rio Boyne. Dentre eles, há uma espécie de um olho só, que carrega a simbologia da sabedoria.

Analogamente, os rios celtas são vistos como fontes de fertilidade por conta de sua abundância, a Deusa Boann passa a ser associada á abundância e a prosperidade.

Não apenas é contado sobre o rio, como há outro mito que é contado sobre a Deusa Boann envolve a tentativa de ser seduzida pelo Deus Dagda, sendo que ela estava longe do marido Nechtan. A Deusa acaba engravidando, e Dagda teria escondido o sol por nove meses até que ela desse á luz á seu filho, Aonghus Óg, de forma que Nechtan jamais descobrisse.

Branween

Conhecida como a Afrodite dos Celtas, é filha de Llyr, sendo uma das três matriarcas da Grã-Bretanha. É chamada de Deusa do lago, sendo seus aspectos o amor e beleza dentro do panteão galês.

Existe a possibilidade de Branween ter realmente existido, porém os autores não chegam á comentar muito profundamente. Basicamente, o que é passado para frente é o seu mito.

Branween foi casada com o rei da Irlanda chamado Mathoulwch, porém o matrimônio não era muito feliz. Na festa de casamento, o irmão de Branween, Bra, teria ficado furioso por saber que a irmã foi dada á casamento “político” sem a sua permissão. Tomado por fúria, ele mata os cavalos do rei, gerando assim uma rivalidade entre os dois homens.

No entanto, Mathoulwch teria descontado de sua fúria na esposa, a tornando uma criada de cozinha e tratando-a mal. Depois de anos recebendo tal tratamento, Branween criou um estorninho (um tipo de pássaro), e o usou para mandar uma mensagem de socorro á seu irmão. Com tal mensagem recebida, uma guerra entre Bra e Mathoulwch começou.

A história não trás alegrias, e sim mortes, porém os bruxos veem Branween como um símbolo de paciência, esperança e criatividade para libertar-se da sua prisão. Sendo assim, a Deusa passa á ser procurada e evocada quando os bruxos querem inspirações e iniciar um novo projeto.

A deusa também é evocada quando passamos por alguma perda, momentos dolorosos.

Os seus símbolos são o caldeirão, Lua prateada, estorninho, corvo branco e pomba, assim como o amieiro.

Brigit

Chegamos á uma das Deusas celtas mais conhecidas, Brigit. É irmã do deus Oengus, que seria o Eros da mitologia Celta, e conhecida como divindade do amor, forja, fogo, poder feminino, cura, medicina, agricultura, inspiração, adivinhação, feitiçaria, e podendo ter outros aspectos seus. É filha de Dagda. Foi casada com Bres, rei dos Tuatha Dé Danann, e tiveram um filho chamado Ruadán.

Como resultado, há tantos aspectos para essa Deusa, que não é estranho saber que antigamente havia uma ordem dentro da Irlanda, feito somente por mulheres, que se dedicavam em manter o fogo acesso em homenagem á Brigit. Alguns autores falam que ao todo, eram dezenove sacerdotisas que representavam os dezenove meses celtas.

Brigit é uma divindade tríplice, sendo representada por três mulheres: a poetisa, a médica e a ferreira. Outra representação é o fogo, pois o elemento alimenta a forja, esquenta os experimentos dos alquimistas, e incendeia a mente dos poetas. Apesar de não haver as três faces de donzela, mãe e anciã, ela é considerada uma Deusa tríplice da Wicca, tudo por conta das diversas qualidades de suas faces.

É também a Deusa do Fogo Sagrado de Kildare e a Donzela Branca da Deusa Tripla. Sua árvore sagrada é o carvalho. Ela era uma deusa tão importante e amada que depois do Cristianismo tornou-se Santa Brighid (Santa Brígida). Também é membro da Tuatha De Danaan

Decerto o ponto principal de sua reverência envolve o fogo eterno. Basta lembrar que tanto para os celtas de antigamente quanto para os bruxos modernos, há o sabbath de Imbolc, da qual Brigit é homenageada. Tratando-se do pico do inverno, o fogo é acesso para a Deusa como uma forma de pedir que aqueça as pessoas e traga o Sol de volta na primavera.

Cerridwen / Ceridwen

Dentro do panteão Galês, há a Deusa da Lua, Grande Mãe, Senhora Cerridwen, Deusa da natureza que era esposa do gigante Tegid, com quem teve dois filhos, a bela donzela Creirwy e o feio rapaz Avagdu.

Alguns bruxos contam que era evidente as polaridades dos filhos de Cerridwen, a beleza e a feiúra, dia e noite, luz e sombra, verão e inverno, céu e subterrâneo. Há um conto falando da Deusa preparando uma poção forte para o seu filho, uma vez que desprovido de beleza, ele poderia ter algo muito mais valioso. Porém, ao deixar a poção sob os cuidados de um auxiliar, o mesmo acaba bebendo um pouquinho da poção. Cerridwen passa, então, á caçar o auxiliar por ter bebido uma gota da poção de conhecimento.

Outro conto que mostra a relação da deusa com a poção de conhecimento vem de dos Baldos galeses, que se autodenominavam Cerddorion, filhos de Cerridwen. Um deles, em específico Taliesin, que era um druida da corte do rei Arthur, teria tido que se tornou um grande mago após beber algumas gotas de uma poção de inspiração, preparada pela Deusa em seu caldeirão.

Assim sendo, podemos dizer que Cerridwen é a deusa da morte, fertilidade, regeneração, inspiração, magia, astrologia, ervas, poesias, encantamentos e conhecimentos.

Há algumas coisas que podemos aprender sobre o desapego, gratidão, renascimento. Ou seja, o ciclo da vida: da Deusa saímos e á Ela retornamos. E para que passemos pela superação, é necessário reconhecer as sombras, se desapegar delas e aprender com a dor. De tal forma, podemos renascer de forma evolutiva.

Aprofunde o conhecimento sobre as Deusas nessas fontes

Magia Celta – D.J. Conway

Mitologia Celta – Arquivo 1 | Arquivo 2

Caminho pagão – Deusa Boann/Boand deusa irlandesa da prosperidade

Maga Rosa – À Deusa Branwen

Comunidade Amino: Wicca & Bruxaria – Deusa Brigit

Medium – Deusa Cerridwen, um pouco sobre o mito

Oficina das Bruxas – A Deusa Cerridwen: um pouco de sua mitoogia e magia

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