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Deusas vulneráveis – Arquétipos gregos femininos

Deusas vulneráveis

Todos nós podemos acessar um arquétipos de alguma divindade, independente do panteão. Mas o que devemos saber é como que a mulher moderna pode se assemelhar à uma divindade pagã. Nesse post eu te apresento mais três arquétipos gregos.

Chegamos aos três arquétipos de Deusas, que a autora Bolen chama de vulneráveis. E há uma razão para isso.

Diferente das outras três que comentamos na semana passada, essas representam os papéis tradicionais da mulher: filha, esposa e mãe. Se as Deusas Virgens voltam suas energias para si mesmas, as Deusas Vulneráveis voltam sua energia na relação com o outro. Sempre haverá um outro envolvido.

Elas se nutrem da relação externa.

Em seus respectivos mitos, essas Deusas sofreram nas mãos dos Deuses. Estupros, raptos, traições e humilhações são algumas das situações que elas vivenciaram, e por isso são denominadas por Bolen como Deusas Vulneráveis. A partir dessas vivências, elas reagiram de alguma forma como desenvolvendo vinganças por causa de ciúmes ou então ficando deprimidas. Segundo a autora, essa reação seria como uma doença.

Vejam bem, houve uma situação “traumatizante” que desencadeia uma reação psicológica nelas.

Vamos conhecer brevemente cada uma dessas três Deusas.

Deusa Hera – a esposa

Quem tem um forte desejo de se casar e cumprir com o papel de esposa, é provável que tenha um forte arquétipo da Deusa Hera. Não estar sob a companhia de alguém em matrimônio pode ser muito angustiante para essa pessoa. O casamento, em si, pode ser um rótulo que para essas mulheres trás o sentimento de honra.

Ser casada é como ser reconhecida tanto interna quanto externamente. Não é apenas a satisfação interna que conta, ela deseja que os outros a vejam como esposa. E uma vez que estejam casadas, elas não medirão esforços para se manter dessa maneira.

Podemos dizer que o esposo se torna o centro do universo das mulheres tipo Hera. Sua energia é voltada para ele, e para agradá-lo. Mesmo que sejam mães, elas podem ter grande foco em agradar o marido e deixar os demais em espera.

Conhecendo o mito de Hera, sabemos que ela sofre com as traições de Zeus e castiga todas suas amantes e filhos bastardos. Nesse caso, quem segue o arquétipo dificilmente irá direcionar sua ira ao companheiro – uma vez que sente a necessidade de tê-lo como companheiro, para manter-se enquanto esposa – e sim às outras mulheres que abalam seu “casamento”. Dessa forma a esposa que se sentira fragilizada com a traição torna-se a se sentir empoderada.

Isso não significa que as mulheres que tem o arquétipo de Hera tem o desejo de se casarem desde sempre. Pode acontecer de esse arquétipo surgir na meia-idade. Então durante grande parte da vida, a pessoa trabalhava com outro arquétipo (seja Athena, Perséfone, e afins) e somente depois passa a desejar se casar.

Deusa Deméter – a mãe

Deméter é mãe de Perséfone, e quem segue o seu arquétipo tem uma forte energia materna. Seja a nutrição biológica ou psiquica, ela gosta de maternar. Nem sempre ser mãe significa gerar um filho biologicamente, e vemos isso com clareza por aqueles que se proclamam mãe de plantas ou de animais.

É a capacidade de cuidar, nutrir e amar outro ser vivo. Isso também pode ser ampliado para o campo espiritual. Se para Hera o companheiro é o cerne, para Deméter são os filhos. Não medirá esforços para zelar e protegê-los, almejando a sua felicidade.

As mulheres que tem o arquétipo de Deméter podem ter um desejo ardente de serem mães. E qualquer coisa que remetam à uma relação de mãe e filho fazem com que seus desejos se tornem maiores. É como se tocasse a sua alma.

Inclusive, aquelas que não são mães podem encontrar refúgio em profissões que envolvem o cuidar do outro como a enfermagem, serem professoras de crianças, babás, etc. Além disso também podem buscar relações que as permitam cuidar do outro.

Além de mãe, Deméter é a Deusa dos cereais (tanto que sua versão romana se chama Ceres), sendo responsável pela fertilidade da terra provendo alimento aos humanos. Quando sua filha é raptada por Hades, e ela passa a procurá-la por todo o mundo, deixa de cuidar da terra fazendo surgir a estação outono e inverno.

O alimento é aquilo que alimenta o ser vivo, que o nutre biologicamente, permitindo que cresça e se fortaleça. Sendo assim, a mulher com o arquétipo de Deméter também irá desejar nutrir os outros, seja no sentido literal ou simbólico.

Deusa Perséfone – a filha

As duas outras Deusas são arquétipos de ação, elas agem para manter algo perto de si. Já Perséfone, enquanto filha, é passiva. Ela seria o cerne, sendo conduzida pelos outros. Contudo, Perséfone tem dois arquétipos, que são a de jovem e rainha do inferno.


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Core, a jovem

Antes de ser rainha do inferno, Perséfone era chamada de Core, que significa garota jovem. Aquelas que seguem esse arquétipo são semelhantes à fase da vida em que nada é definido. Não existem objetivos a serem alcançados, não há uma identidade sólida. Seria semelhante à fase da adolescência onde a psiquê está sendo formada e a pessoa desconhece a si mesma. Nada é para valer.

Sua relação com a mãe é poderosa e forte, e pode ser perigosa se for excessiva. É a filhinha da mamãe, que é protegida e dificilmente toma as decisões por si própria. Seria a boa menina, obediente e educada, a filha perfeita. Essa é uma relação perigosa, pois a filha não se torna independente e sim uma extensão da mãe.

Socialmente esse tipo de arquétipo faz com que as mulheres esperem por um despertar que será feito pela chegada do príncipe encantado. Até que essa pessoa chegue em suas vidas, elas permanecem ligadas à um dos pais.

Perséfone, a rainha do inferno

Já o arquétipo de Perséfone é um pouco mais fantasioso e profundo, pois trabalha com a simbologia do próprio inferno. Na mitologia grega, o submundo pode representar as camadas da psiquê humana. O fato de Perséfone ser a rainha desse inferno e ajudar as almas a transitar por ele como uma guia, já nos dá uma ideia de como funciona o arquétipo.

Aquelas que tem o arquétipo de Perséfone conseguem transitar nas diferentes camadas da própria psiquê. Depois de ter sido raptada, Perséfone é desligada da mãe e obrigada a se tornar independente. Podemos dizer que Hades cumpriu um papel de príncipe encantado dito anteriormente.

Esse arquétipo pode ser considerado complicado de compreender, pois a autora Bolen utiliza como exemplos mulheres que sofreram com algum transtorno mental como a esquizofrenia ou a depressão. Nesses transtornos, a mulher se torna refém da própria psiquê, e uma vez que se liberta de tal prisão ela pode transitar entre a psiquê e a realidade.

De certa forma mulheres que seguem esse arquétipo tem fácil acesso aos seus sonhos, fantasias, e quaisquer elemento do seu inconsciente. Tem sonhos significativos, repletos de simbologias.

Conclusão

Esses três arquétipos se diferenciam das virginais, pois elas trabalham a energia em prol de algo que vem de fora, seja ele um marido, uma filha ou uma relação harmoniosa com os pais. Nem sempre o arquétipo é ativado quando nascemos, as vezes eles somem e outras figuras arquetípicas tomam seu lugar. Além disso, situações que vivenciamos pedem por arquétipos diferentes.

Um só arquétipo não nos define completamente.

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