Já tentou criar alguma subtrama, mas sentiu imensa dificuldade na hora de escrever? Não se preocupe, há uma forma de encarar os pequenos enredos dentro da sua história sem que sejam um bicho de sete cabeças.
Um livro contém como base uma história à ser contada, e no decorrer dela há várias subtramas que são apresentadas com a finalidade de desenvolver o personagem. Essas subtramas também detém um começo, meio e final onde o protagonista, e demais personagens, passam por algum problema que precisa ser resolvido. No final dessa subtrama, os personagens saem mais fortes para resolver o problema da trama central.
Quando falo dessa maneira, não dá uma leve dorzinha de cabeça? Parece algo tão complicado de se compreender, quem dirá de colocar em prática.
Mas sem desespero, venho aqui te fazer entender como que esses arcos funcionam.
Como enxergar as subtramas?
Utilizarei a série de livros do Crepúsculo para elucidar essa questão.
Nessa série de livros temos como principal trama o desenvolvimento romântico do casal principal, certo? Mas para cumprir com esse objetivo, o casal deve vivenciar situações para que seus sentimentos um pelo outro se solidifique. As situações pelas quais eles passam são as subtramas.
Então compreendemos que cada situação presente em todos os livros são subtramas. O momento em que Bella conhece Edward, quando ela começa a pesquisar sobre os frios, o momento da revelação, tudo isso são subtramas.
Geralmente eles tem um começo, meio e final, e o principal objetivo dessa subtrama é ser um problema à ser resolvido pelo protagonista, a fim de que ele a encerre transformado e mais forte. Ou não, dependendo dos seus planos para com o enredo principal.
Em livros de fantasia é interessante de enxergar as subtramas como uma viagem do protagonista. Pisou em uma cidade é uma subtrama, ele irá lidar com alguma coisa, conhecer personagens novos e aprender uma lição valiosa. Assim que terminou por ali, segue sua viagem para a cidade seguinte.
Subtramas e os arcos
Com certeza dentro da literatura a palavra arco deve ser utilizada para outro propósito. Porém, aqui estou para ensinar uma técnica de escrita da qual eu utilizo, e ela é baseada nos animes.
Sim! Nos animes, não adianta torcer o nariz, pois a ideia é bem interessante.
Você se lembra do anime Dragon Ball Z? Com certeza se lembra, foi a infância de muita gente. Esse anime é um excelente exemplo do uso de arcos. Temos o arco de Freeza, dos Androides, do Cell e em seguida o arco do Majin Boo. Veja só que os arcos foram separados pelos antagonistas com os quais os guerreiros z terão de lutar.
E para lidar com esse problema, os personagens sempre tem de treinar para ficarem mais fortes. São situações cada vez mais difíceis, com histórias cada vez mais distantes do planeta terra, sendo que algumas chegam a ser antigas.
Nesse caso, além de ter o enredo base, há os arcos e dentro deles as subtramas.
Ainda utilizando o anime como exemplo, no arco de Majin Boo começamos com uma trama simples mostrando a nova rotina estudantil de um Gohan adolescente. Em seguida temos uma subtrama onde ele ensina Videl à voar e ela o convida para o torneio de artes marciais (onde seguimos um caminho para o principal problema do arco). No torneio são apresentados alguns personagens misteriosos, sendo que um deles é um Kaioh que investiga o renascimento de Boo.
Olha só quantos passos foram realizados para que chegássemos até o ponto principal desse arco. Esses foram as subtramas.
Os arcos podem funcionar nos livros também?
Sim, eles podem funcionar muito bem principalmente com quem deseja criar uma série de livros. Quanto mais complexa for a história de base, maior a necessidade de desenvolvimento do personagem. Sendo assim, o personagem terá de vivenciar muita coisa que podem ser divididas nos arcos.
Se pensarmos na série de Harry Potter, diríamos que cada livro é um arco diferente. E dentro de cada arco temos as subtramas necessárias para que o arco seja finalizado e a lição aprendida.
O arco funciona muito bem quando precisamos passar ao leitor a impressão de que o tempo passou. Passou-se alguns anos ou meses, e agora o personagem vivencia uma nova aventura rumo à cumprir seu objetivo principal.
A parte mais interessante dos arcos é a possibilidade de mostrar ao leitor até que ponto as lições anteriores o protagonista dominou. Considerando que sempre aparece uma força antagonista mais forte, isso colocará em prova toda a habilidade do protagonista. É a chance de mostrar a diferença daquele personagem de um ponto ao outro.
Como aplicar os arcos na sua escrita
Existe uma maneira muito fácil de criar arcos, seria utilizá-los como “minicontos”. Isso mesmo.
Utilizarei a minha série de livros “Oráculo de Zayne” como exemplo, por estar usando essa técnica nesse exato momento em que escrevo o segundo livro “Bruxa das criaturas”. Nesse caso, estou usando os arcos dentro de um único livro, tudo bem?
Nesse livro a palavra-chave são as emoções, e a protagonista precisa vivenciá-los para aprender a lidar com eles. Nesse caso escolhi cerca de 8 emoções, das quais a protagonista irá vivenciar dois por arco. Dividi o livro em 4 arcos, onde são trabalhados duas emoções que se relacionam.
Para poder escrever cada arco, é como se eu contasse uma história de uma mesma personagem. Como “as aventuras da protagonista – aprendendo a lidar com a tristeza e solidão”, algo assim. Inicio cada arco mostrando a protagonista vivendo sua vida comumente e sendo apresentada ao problema. O meio desse arco é ela buscando lidar com o problema e não conseguindo, e recebe a ajuda de alguém que lhe ensina algo.
O final do arco é a protagonista enfrentando o problema com sua própria força e aprendendo a lição. Utilizo as subtramas, nesse caso, para guiar a protagonista a encontrar o problema, reagir sobre ele, buscar uma solução ineficaz, treinar algum poder mágico, e então voltar a encarar o problema eficazmente.
As subtramas são usadas para me dizer como que a personagem irá agir em cada arco.
Repetindo essa técnica de mini conto nos arcos, eu consigo trabalhar o que desejo que é a transformação da protagonista. O último arco acaba sendo trabalhado a trama central daquele livro, que irá corroborar com o enredo base de toda a série.
Conclusão
Experimente fazer o seu personagem vivenciar algumas situações que o torne mais forte. Conte uma mini história dele, e transforme-a em um arco para a sua história.
As subtramas acabam sendo focadas naquele arco, para resolver aquele problema. Dessa forma não ficam espalhadas e confusas.
Essa técnica tem como primordial função de auxiliar o escritor a desenvolver melhor seu protagonista, principalmente quando se trata de uma história longa demais. Se o objetivo é que o protagonista vivencie muitas coisas para que possa ficar mais forte, então os arcos serão de ajuda para desenvolver as subtramas em seu tempo certo.