A violência obstétrica é um fenômeno que vem sendo discutido em diversos âmbitos da saúde da mulher. Infelizmente, são atos cometidos à anos, mas que poucas gestantes sabiam que estavam sendo desrepeitadas diante de um momento tão importante de suas vidas. Atualmente é essencial que a gestante e seu companheiro estejam atentos ao tipo de atendimento que recebem, afim de que o momento de pré-natal, parte e pós-parto sejam saudáveis tanto para a mãe quanto para o bebê.
Olá caros leitores!
Hoje iremos falar brevemente sobre a violência obstétrica. Vamos entender quais são os atos cometidos pelas equipes médicas que podem trazer sofrimento para a gestante, e como denunciar. É essencial que prestemos bastante atenção nesse assunto, para caso de termos algum paciente que tenha sofrido, ou que sofra, a violência obstétrica para que possamos ajudá-las.
Por que falar de violência obstétrica
Podemos dizer que em tempos antigos a mulher era a protagonista de todo o processo de parto. Com certeza você já deve ter ouvido de seus avós sobre a existência de uma parteira, que seria uma mulher que ajudaria a gestante no trabalho de parto domiciliar.
Porém, com a tecnologia aumentando e os estudos médicos pensando em facilitar o trabalho de parto – claro, também envolvendo o bem estar físico da mãe e do bebê – novas técnicas foram desenvolvidas e aplicadas nos hospitais.
Mulheres deixavam de ter filhos em casa para terem em hospitais, sob cuidados médicos. Por um lado trás uma sensação de segurança, afinal de conta haverá máquinas e pessoas trabalhando em conjunto visando a saúde física da gestante e do bebê. Só que não são todos os profissionais que conseguem fazer esse trabalho pensando na questão psicológica da mãe.
As mulheres que vão ao hospital para terem filhos, principalmente as chamadas “mães de primeira viagem” podem não saber muito sobre termos médicos e seus procedimentos. Nesses casos, elas podem se sentir bastante inseguras de questionar sobre o que o médico está fazendo, qual a finalidade, etc.
Devemos nos lembrar que o trabalho de parto é um momento delicado. Não apenas na questão da dor que a mulher sente, mas também emocional. Algumas mulheres vêm esse momento como um marco de mudança em suas vidas, uma nova fase que se inicia.
Então quando há um mau atendimento por parte da equipe médica, ou até mesmo hostilidade, falta de informações etc, podem trazer consequências para a mãe que deixará de ver aquele momento como prazeroso. Em alguns casos as mulheres podem se sentir inseguras de ter outros filhos.
Por isso é importante que falemos sobre o assunto, afim de entendermos quais são os direitos das gestante e como identificar situações que são consideradas como violência obstétrica.
O que é violência obstétrica
Segundo Biscegli e demais autores (2015), há um conceito internacional sobre a definição de violência no parto, como:
” (…) qualquer ato ou intervenção direcionada à mulher grávida, parturiente ou puérpera, ou ao seu bebê, praticado sem o consentimento explícito e informado da mulher e/ ou em desrespeito à sua autonomia, integridade física e mental, aos seus sentimentos, opções e preferências.”
Também é considerado violência obstétrica a apropriação do corpo e do processo reprodutivo da mulher pelos profissionais da saúde. Isso se dá através de um tratamento desumanizado, abuso de medicações, patologização de processos naturais (transformar os processos naturais do parto como uma doença), tirar a autonomia da mulher sobre o seu corpo e sua sexualidade, gerando um impacto negativo em suas vidas.
Mas como dito anteriormente, algumas mulheres não percebem que sofrem a violência obstétrica. Zanardo e autores (2017) falam que a visão que algumas usuárias do serviço de saúde, e até profissionais, vêm esse comportamento das equipes médicas como um esgotamento frente à mulheres queixosas. Já alguns profissionais observam a violência obstétrica como algo voltado para a violência física e sexual.
“Em alguns serviços públicos de saúde no Brasil, onde são atendidas mulheres com baixa escolaridade e baixa renda, elas são consideradas sem autonomia e sem capacidade de decidir sobre seu corpo no parto” (D’Orsi et al., 2014 apud Zanardo, et al, 2017).
Atos considerados como violência obstétrica
A seguir iremos ver tópicos que podem ser considerados como um ato de violência.
- Mulher não ter o direito de ter um acompanhante;
- Não receber informações sobre o local onde o parto será feito;
- Ser induzida ao parto cesário sem o consentimento da mãe e/ou sem necessidade de o fazê-lo;
- Durante o parto normal, a mãe ficar em posição deitada;
- Ter atendimento negado;
- Sofrer intervenções necessárias;
- Sofrer agressões físicas e verbais;
- Ter informações omitidas;
- Ser privada do contato com o bebê;
- Não receber medicamentos que aliviam a dor;
- Ser amarrada;
- Técnicas que induzem o parto sem o consentimento da mãe;
- Exames de toque sem necessidade;
- Episiotomias (cortes para aumentar o canal vaginal), manobras de Kristeller (empurrar a barriga);
- Impedir que a mãe se movimente durante o trabalho de parto.
O que fazer diante de situações de violência obstétrica
Antes de fazer denuncia, é essencial que seja reunido algumas documentações como o prontuário da mãe e do bebê.
Também é indicado que seja escrito um relato detalhado do que ocorreu para que seja enviado, junto com os documentos reunidos, para a ouvidoria do hospital, ouvidoria do SUS, para a Secretaria Municipal de Saúda da cidade e ao ministério da Saúde.
Como a violência obstétrica é uma violência contra a mulher, disque 180 para fazer a denuncia.
Concluindo
É importante que seja falado sobre a violência obstétrica pois algumas consequências que trás a mulher é a depressão pós parto e ansiedade. Além disso, é do direito da mulher ter acesso as informações sobre seu prontuário e a do bebê.
Atualmente há uma busca maior pelo parto humanizado, e para isso é essencial que a mulher tenha conhecimento dos prós e contras para que seu trabalho de parto não lhe traga sofrimento, nem ao recém-nascido. Conhecer os seus direitos é importante para que esse momento não se torne um trauma para a mulher.
Fontes
Violência obstétrica: perfil assistencial de uma maternidade escola do interior do estado de São Paulo – Biscegli e demais autores, 2015
Blog – Maternidade Simples
Violência Obstétrica no Brasil: Uma revisão narrativa – Zanardo e demais autores, 2017