Dicas de escrita Escrita Naturalizada

Magic System

   Esses dias eu estava no youtube vendo um vídeo do canal “Coisa de Nerd”. Era um daqueles vídeos que comentam sobre séries, mais especificamente a série da Netflix “The Witcher“, que tem livros e jogos.
   Uma das coisas que o Leon falou, e que me chamou a atenção, foram duas categorias de magia que um escritor poderia usar: soft magic e hard magic. Achei tão sensacional a informação, que tive de pesquisar mais para saber. 
   Então cá estou, para compartilhar com vocês um pouquinho do que eu achei. 

Magic System

   Esse é um termo criado pelo autor Brandon Sanderson. O autor, que era acostumado a determinar regras para suas histórias mágicas, se deparou com um grupo de pessoas que não aceitavam tão bem essa questão de encher o mundo mágico de regras.
  Para algumas pessoas, quando se trata de fantasia e magia, é essencial que se mantenha a questão do “maravilhamento”. Ou seja, é algo fora da realidade, que cause uma boa sensação ao leitor. E enchê-las de regras, seria tirar essa sensação. 
  O autor, após perceber isso, ficou estupefato pensando que os demais escritores teriam regras de magia fracas demais. E ele ficou matutando a ideia na cabeça. 
  Aí veio um pensamento “Será que não é possível fazer magia sem explicar várias regras e leis para ela?”.
   Então entramos de cabeça na primeira lei de Sanderson. 
 

A habilidade de um autor em resolver conflitos usando magia é diretamente proporcional ao quão bem o leitor compreende essa magia.

 
  Sanderson ainda completa esse pensamento explicando que se os autores de magia simplesmente inventarem algum tipo de regra á todo momento que o personagem está em perigo, para ajudá-lo a sair dessa situação, tornaremos a história insatisfatória, desinteressante e ruim.
  Isso gira em torno de uma questão de base na hora de criar um enredo. O seu protagonista irá enfrentar problemas para alcançar um objetivo. Por isso ele deve usar daquilo que consegue e já tem em sua volta. É um caminho árduo e que não deve ser feito com facilidade. Afinal das contas, você está contando como ele superou os obstáculos para conseguir o que queria.
  Então, faz sentido o pensamento de Sanderson, certo?
 

Soft Magic

   Essa categoria reflete aos autores que não seguem regras restritas de magia, contudo eles não a sabotam. Aqui é focado naquela sensação de maravilhamento, onde o leitor fica tenso por não saber das regras da magia. 
  Ou seja, o cenário mágico está lá, ele funciona assim, aceite. Não há nada no livro que explique sobre como funciona aquela magia. Contudo, o leitor consegue captar através da leitura, como que esse sistema funciona.
   Alguns usam “O senhor dos anéis” como um exemplo de soft magic. 
  O que é um ponto positivo para esse tipo de sistema? Por conta de não haverem regras explicitas e rigidas, o autor poderá encontrar pequenas brechas para um novo poder quando necessário. 
   Quando se trata de usar a magia para resolver problemas, Sanderson já avisa: “A magia cria problemas, e então as pessoas resolvem esses problemas sozinhas, sem magia”. 
   Oras, mas por que disso?
   Imagina você ler um livro onde tudo é resolvido na base da magia. A trama se tornará fraca, não haverá tensão. Simplesmente faça uma magia ali e pum, tudo resolvido. 
 

Hard magic

   Se por um lado temos uma história onde a magia não tem regras rígidas, é esperado que o outro extremo apareça. O hard magic se trata de tramas onde a magia tem regras explicitas e rígidas, permitindo ao leitor que faça parte daquele mundo fantástico o tornando mais real.
   E sim, aqui o personagem pode fazer uso da magia para resolver seus problemas. O motivo é bem simples, pois aqui o personagem vai ter que ter conhecimento e experiência. Não será apenas do nada ou algo assim, ele tem uma explicação lógica para fazer uso daquela magia para aquela situação.
   Nesse caso, a magia passa a se tornar uma ferramenta do personagem. Contudo, isso não queira dizer que ela se torna algo cientificamente explicado. Você, como autor, estará passando ao leitor um entendimento sobre como aquela magia funciona. 
  O autor usa como exemplo o homem aranha. A impressão que dá, é que todos os heróis de quadrinho seriam soft magic, sendo que na verdade são hard magic. Isso porque sabemos quais são os poderes do homem aranha, e não ficamos tão surpresos quando ele lança uma teia, por exemplo. É algo que faz sentido e já esperamos, mas ainda assim causa maravilhamento.
 

Meio do caminho

   O autor ainda traça um intermediário uso da magia, e usa como exemplo os livros da saga “Harry Potter”. Sanderson fala da magia ser hard, só que na escala maior se torna soft.
  Isso porque há regras explicitas que são apresentadas nos livros, e todo um sistema de magia fora criado nos livros. Contudo, há lapsos, contradições, esquecimentos. 
   Ter esse balanceamento permitiu a autora a fazer uso da magia como resolução de problema do personagem, e manter a sensação de maravilhamento em seus livros.
  Mas isso é algo bem difícil de ser feito, apesar de ser um meio termo mais utilizado pelos escritores. 
 

Conclusão

   O magic system é uma boa pedida para os escritores que querem se aprofundar no mundo da fantasia e magia. Apesar de parecer simples, devemos tomar o cuidado para não deixar a trama desinteressante e ruim. 
  A magia não deve ser usada levianamente, o personagem deve crescer dentro da trama e usar o que ele já tem para resolver os seus conflitos. Se for usar do sistema soft, a resolução é sem magia ou poderá a magia ser usada em uma TENTATIVA de resolução, tornando-se falha e piorando a situação. Nesse caso, seu personagem terá mais trabalho a fazer.
 
Fontes

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2 Comments

  1. Gostei desse comentário! Afinal, o mundo mágico não existe e seria tudo muito fácil colocar um personagem nessa ilusão e retirá-lo assim que surgisse algum problema. Entretanto, nesse campo, podemos entrar, sim, com sucesso: humorismo! Facilmente conseguimos um texto bem-humorado com personagens entrando e saindo de situações incríveis onde, na realidade, seria praticamente impossível.

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