Esse post vai para quem deseja escrever livros young adult, voltado para o publico mais jovem e que aborda a adolescência.
Eu estava assistindo alguns doramas, e quando comecei á reclamar dos personagens e os chamando de crianças, tive de parar e refletir. Os personagens eram jovens, terminando a puberdade e partindo para a adulteza, e mesmo assim encontrava-se ali a dualidade da adolescência adulto/criança.
Quero falar mais sobre isso, de forma á fazer entendido de como é a adolescência para algumas pessoas.
Saindo da infância
A primeira coisa que devemos nos lembrar é a pré-adolescência. Trata-se de uma fase intermediária entre a infância e a adolescência, onde podemos ver com mais clareza a troca dos interesses da pessoa. Por exemplo: bonecas vs maquiagem.
Sair da infância é como expandir a zona de conforto de forma natural. Na medida em que crescemos, acabamos desinteressando de algumas coisas para correr atrás de outras.
Contudo, nem sempre todos os âmbitos de nossas vidas são fáceis de serem expandidas com tamanha naturalidade.
Devemos sempre nos lembrar que a sociedade coloca pressão sobre o jovem, esperando dele um bom comportamento diante de um turbilhão de mudanças que estão fora do seu controle. Vemos isso com frequência em filmes com adolescentes, a forma como eles reagem á essa pressão.
Sair da infância não é uma tarefa fácil, afinal de contas estamos caminhando para a independência, querendo sair debaixo das asas de nossos pais para aprendermos á voar sozinhos. Mas temos receio de cair na primeira tentativa.
Por isso é comum que muitos terapeutas falem, atualmente, sobre os pais estimularem a independência dos filhos desde pequenos. Assim, quando chega a hora de “saírem do ninho” eles não fiquem receosos, mas sim, tenham coragem e motivação.
O mundo está fora de controle
Devemos nos lembrar que uma criança vê o mundo de forma abstrata, sendo que com o passar do tempo e experiências, ela vai aprendendo a dar um significado para além do que é visto. Alguns pais chegam á suar frio quando a criança pergunta de onde vem os bebês, afinal como explicar algo tão complicado?
Os pais que fazem um jogo de cintura usando exemplos práticos e simples para explicar, é a história da sementinha (afinal é nessa fase que elas aprendem a colocar o feijão no algodão), e já o suficiente por alguns anos.
Já na adolescência, tudo é demais!
Falei anteriormente sobre a pressão da sociedade, mas não vão achando que os adultos são responsáveis por isso, outros adolescentes também.
Na minha época de escola, havia uma pressão para o namoro. Se você falasse que não queria ficar com um garoto, então era vista como “fracote”, “criança”. E no final das contas, é justamente essa fase que queremos nos sentir pertencidos á um grupo da sua idade, encontrar uma identidade.
E ai vem a perca do controle.
Perder o controle gera angustia no jovem. Como resolver as coisas sozinho? Como lidar com os sentimentos, sozinho? Se pedir ajuda para o pai ou mãe, talvez leve bronca, ou um sermão que não irá ser de ajuda agora… e tudo isso se torna uma bola de neve.
Ah, que saudade de plantar o feijão no algodão.
Adolescência e a relação com os pais
A maioria dos filmes americanos mostram adolescentes tendo problemas com os pais. É aquela famosa fala “você não me entende”.
Quando um jovem fala isso, a única coisa que se passa na minha cabeça é “você é que não se entende”. Como que podemos esperar que nossos pais adivinhem nossos sentimentos, se nem nós mesmos entendemos, e pior, admitimos.
Mais uma vez perdemos o controle da situação enquanto jovens. E mundo lá fora, só nos empurra para ficarmos cada vez mais “maduros”.
Posso falar isso com tamanha precisão, pois foi o que passei na minha adolescência. Eu tinha esse pensamento, “meus pais não vão me ajudar”. Sabem á qual conclusão cheguei? De que eu sabia que a resposta não seria a que eu queria ouvir.
Devo admitir á vocês, passamos por mudanças o tempo todo. Situações, identificações e aprendizados são o nosso maior motivador de mudanças.
Eu tinha aquela vergonha de meus pais entrando comigo na escola, que nossa, arrepiava só de pensar. Na época do orkut eu li uma história em que a personagem dizia “meu pai me leva até a porta da escola, e eu gosto disso pois é sinal de que se preocupa comigo”. Depois que li aquela história, mudei o pensamento e passei a priorizar a relação com os meus pais.
Então, quando meu pai brincava “eu vou entrar na sala com você” (com a intenção de provocar), eu respondia “vamos lá, te apresento aos meus amigos”. Acredite, durante a escola isso não aconteceu, mas na faculdade sim (minhas amigas gostam mais dele do que de mim, aquelas xaropes).
Conseguem ver como que mudamos com coisinhas simples?
A época do vestibular
Ah, com certeza essa palavra deve gerar uma agonia na maior parte dos adolescentes: vestibular. Penso nisso como o maior ritual existente que marca a passagem da adolescência para o jovem adulto.
Que curso devo fazer? Do que eu gosto? Como eu me vejo no futuro?
E ninguém consegue nos ajudar a pensar numa resposta.
É muito comum as pessoas cursarem o primeiro e segundo período de um curso, então trancar e mudar de curso. As faculdades até tentam ajudar montando feras com seus veteranos, onde eles contam sobre seus estágios, como que é o curso, como que pode se colocar no mercado.
Mas tudo é tão focado em algo que ainda não aconteceu, que está fora do controle daquele jovem. Como que ele vai entender o que quer da vida, se isso é abstrato, de certa forma? Alguns podem ter a decisão tomada com facilidade, saberem com convicção o que desejam para suas vidas… e aqueles que não?
E aí vem aquele clichê maravilhoso: pais pedindo para os filhos continuarem seus trabalhos. Os pais surgem aí com sugestões altas demais para os filhos; seja advogado, médico, estude isso e aquilo…
Calma.
Não sei se dou conta disso.
É muita coisa para eu lidar.
É muita responsabilidade, e nem sei se sou capaz disso tudo.
Essa pode ser uma fase de descobertas.
Qual a sua vocação? Qual o seu dom?
Não faço ideia. Existem coisas que gostaria de ter, que gosto de fazer. Mas não faço ideia se consigo tornar um trabalho que me renda uma vida sustentável.
Apoio na adolescência é tudo o que precisam
Não importa qual fase da vida nos encontremos, tudo o que precisamos é de apoio. Não interessa se vai dar certo ou errado, precisamos levar tombos para aprendermos com erros.
Essa é uma frase comum entre as pessoas, mas ela serve apenas de consolo. Ela não diminui os medos e anseios que aquele adolescente está passando. Não entrega as respostas que ele procura, e muito menos ilumina um caminho. A frase serve apenas como um motivador para não desistir.
O jovem adulto não é muito diferente de um adolescente. As coisas ainda estão fora do seu controle, porém ele terá mais força para segurar as rédeas e procurar saídas possíveis. Ele terá capacidade e se permitirá crescer.
Ao entrar na faculdade, nos deparamos com um ritmo completamente diferente da escola. Pessoas adultas estão em sua volta, todas elas cansadas pois tem que trabalhar, ler um xerox de 40 páginas, fazer resumo, preparar apresentação…
Seus colegas de classe são de diferentes idades, seus amigos poderão ter a mesma idade que seus pais. Os professores esperam de você a adulteza, capacidade de gerar o próprio tempo e saber quando pedir ajuda, tudo isso para um resultado impecável.
Você irá experimentar os estágios, épocas de provas, apresentação de trabalho, TCC…
A responsabilidade berra no seu ouvido, de forma que na época da escola sequer ouvia.
Se não tiver apoio dos familiares, terá de seus amigos e professores. Não sabe o que fazer da vida? Pois bem, alguns professores sentam do nosso lado e nos escutam, e ainda trocam figurinhas que nos ajudam á refletir.
Passei por isso também, e acredite foi fantástico.
Conclusão
Na medida em que progredimos na vida, nos deparamos com diferentes obstáculos. Alguns irão gerar angustia enquanto outros não. Queremos nos apoiar ao mesmo tempo que desejamos enfrentar tudo sozinho.
Essa ambiguidade nos persegue desde a pré-adolescência até a fase adulta. Deixando para nós boas lembranças e alguns joelhos ralados.
De qualquer forma, a adolescência não é fácil. Se você disser que a sua foi moleza, é sinal de que a adolescência ainda não passou, e não importa se tiver mais de 20 anos. Toda adolescência é difícil, sofrida, nem que seja para encontrarmos a nossa própria identidade.