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Arquétipos na narrativa: como utilizá-los corretamente

Arquétipos na narrativa: como utilizá-los corretamente

Você sabia que os arquétipos podem ser utilizados na narrativa? Para alguns escritores pode ser difícil, mas nesse post irei te ensinar como usá-los de maneira criativa.

Antes de continuarmos, você já sabe o que são arquétipos? Se ainda não faz ideia, clique aqui e leia o post que fiz recentemente sobre o assunto.

Os arquétipos podem ser usados como parte da personalidade dos personagens. Porém, não devemos usá-lo em sua totalidade, pois tornará seu personagem engessado. Lembre-se que temos mais de um arquétipo, e eles aparecem de acordo com a situação e emoções diferentes.

Vamos usá-los como um cerne dos personagens.

Utilizando a metáfora do filme “A origem dos guardiões” em que o Papai Noel conversa com o Jack Frost, há aquelas bonecas russas em que uma é guardada dentro da outra. A última bonequinha, a escondida é o cerne.

É aí que encontramos os arquétipos.

Por que utilizar os arquétipos na narrativa?

Quando falamos da aparição de arquétipos em histórias, a presenciamos em cenas chaves. São naqueles momentos em que percebemos a repetição de comportamentos em determinadas situações que nos fazem lembrar dos arquétipos.

Por exemplo, em Dragon Ball temos várias situações, mas quando chega um vilão cujo poder é grande e ameaçador, Goku se torna sério para lutar. Tendo a vida no planeta em perigo, o protagonista tem o arquétipo do herói.

No entanto, Goku não é herói o tempo todo. Ele tem esse posicionamento somente quando há alguém forte no papel de vilão. Em outras cenas, podemos ver o arquétipo do inocente e do bobo da corte também.

Conseguem entender o ponto em que eu quero chegar?

Não adianta escolher um arquétipo para moldar toda a personalidade, e ficar tudo entrelaçado. Precisamos ser criativos para descrever uma personalidade multifacetada.

Sei que explicando dessa forma, você pode ficar um pouco confuso. E por isso vou deixar uma pequena tarefa para te auxiliar.

Como desenvolver as características junto do arquétipo

Antes de começar essa etapa, é preciso pensar na função que o seu personagem irá cumprir dentro da história. Vamos supor que estamos falando do protagonista, então o que ele está fazendo na história? Por que o arquétipo escolhido combina com o papel do protagonista?

Utilizarei a minha protagonista do livro “O Trono de Ereghast” para exemplificar e tornar a explicação mais fácil para vocês.

Alinys é irmã gêmea de Cale (protagonista masculino), tendo poderes mágicos e consciência de sua realidade, sendo oposta ao irmão. Durante o livro, ela é tida como a favorita para herdar o trono dos deuses, porém a vemos preocupada com algumas coisas.

Nesse caso, eu escolhi um arquétipo para ela o da Grande Mãe/Cuidadora. Por ela ser mais consciente do que o irmão, há uma característica materna de cuidar dele, protegê-lo, e até mesmo tomar de suas dores para não vê-lo sofrer.

A partir do arquétipo escolhido, e uma breve justificativa do porquê dele ser ideal para a personagem, é hora de criar a personalidade. Para isso, faça uma lista de 5 características de personalidade que podem ser ligadas ao arquétipo escolhido.

Então Alinys gosta dos momentos em família, por querer proteger o irmão ela treina muito para se tornar cada vez mais forte, e então tomar a linha de frente durante as batalhas. Dependendo de onde ela e o irmão estão, Alinys deixa de dormir para ficar de guarda.

Nesse caso, gira em volta do cuidado fraterno, um cuidado cheio de amor familiar que é similar ao amor de uma mãe com o seu filho.

Entrelaçando características e arquétipos

Pode parecer difícil essa tarefa, mas é aqui que irá deixar sua criatividade voar.

A primeira coisa que irá fazer é entender a função do seu personagem na história. Entender e conhecê-lo para criar uma base da personalidade. Com uma ideia breve dessas características, você irá escolher um arquétipo que trabalhe bem com o que foi pré-definido.

Nem sempre o personagem irá lembrar o arquétipo, afinal esse não é o foco das histórias. Então não é necessário perder a cabeça em escolher um arquétipo, é algo que vai te ajudar á desenvolver as características do seu personagem.

Assim como dito anteriormente, com o arquétipo escolhido você pode fazer uma lista. Pense em características de personalidade que surgem em diferentes situações como:

  • O que o personagem faz quando está com raiva, medo, alegre.
  • Comumente que tipo de personalidade ela tem?
  • Durante batalhas e situações de enfrentamento, quais são as suas atitudes?
  • Relaxando, sem nenhum problema, gosta de fazer o quê?
  • Durante o trabalho, qual a sua atitude?
  • Como que age quando está apaixonada?

Notem que tudo envolve o personagem se posicionando diante de uma situação. Não importa se essa situação é tranquila ou não, tudo gira em torno da expressão dos comportamentos.

Se escolheu o bobo da corte, será que o seu personagem (mesmo sendo forte) irá levar as situações sérias na leveza e brincadeira? Que tipo de brincadeiras ele irá fazer? Terá um jeito único de brincar com o que é sério? Será que ele está mascarando algum medo com esse arquétipo?

Os tipos de arquétipos a serem utilizados na narrativa

Muito bem, no post anterior eu apresentei alguns arquétipos que são utilizados tanto na psicologia quanto no marketing.

É claro que eles podem ser usados nas histórias, porém vale lembrar que existem uma infinidade de arquétipos á serem usados nas narrativas.

O autor Bruno Crispim, por exemplo, ensina o uso das faces boas e más dos Deuses Gregos como arquétipos. Por fazerem parte de uma narrativa que mostra suas luzes e sombras, é possível de serem utilizados.

Então, sim você pode pegar uma mitologia e fazer o uso da personalidade divina como um arquétipo. Se tiver algum personagem marcante (Sherlock Holmes, por exemplo), também serve como arquétipo.

Principalmente se você estiver baseando-se em algum personagem que já existe. Transforme-o em um arquétipo e defina características de personalidades que sejam diferentes, mas ligados á esse cerne arquetípico.

Caso deseje ir além, há teorias do uso dos animais como arquétipos. Se você conseguir utilizá-los em sua narrativa, precisará de muita criatividade para torná-los humanos. Se bem…. que até mesmo a astrologia pode ser utilizada nesse caso.

De qualquer forma, pesquise bem o arquétipo que deseja utilizar e que combine com sua narrativa.

Conclusão

O arquétipo pode ser explorado de diferentes formas além daquilo que lhe é mostrado. A parte interessante disso é desenvolver características que saem do comum e esperado. Então a grande mãe não precisa ser uma mãe especificamente, que é muito amorosa com o seu filho.

Outro meio é desenvolver primeiro as características para, então, enxergar o arquétipo.

A partir disso, conseguimos solidificar a personalidade de nossos personagens e posicioná-los corretamente em nossas histórias. Também evitamos ao máximo de torná-los incoerentes, pensando “o que ele faria em tal situação”. Assim, o personagem age de forma original e menos mecânica.

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