Você conhece o mito de Medusa? Sabia que por detrás dele há todo uma filosofia dos Pensamentos da Medusa que é aplicável em nosso dia a dia? Se a resposta for não, então fique aqui comigo que irei te explicar esses detalhes.
Medusa é um figura da mitologia grega cujos cabelos são serpentes, e uma vez que se olha em seus olhos a pessoa se transforma em pedra. Assustador, não? É muito interessante o mito de Medusa, pois conseguimos tirar dele um aprendizado muito profundo da qual devemos aplicar em nosso dia a dia.
Por mais que se trate de um mito grego tão antigo quanto o próprio homem, se o adaptarmos para a nossa era moderna ele se torna completamente coerente. Dá aquela sensação de que os antigos gregos eram surpreendentes.
Vamos entender como que isso funciona?
Conheça o mito de Medusa
Quando humana, Medusa era bela com seus cabelos loiros que prestava serviço à Deusa Atena. Poseidon teria se apaixonado por ela e começado com suas investidas, no entanto era rejeitado pela moça.
Conhecido por ser obstinado, o deus dos mares não se aquietou até estuprar a pobre moça sob os altares do templo de Atena. Tal ato enfureceu a divindade da sabedoria, que castigou Medusa ao transformá-la em um monstro de aparência horrível e cabelos com serpentes.
Da união de Poseidon com Medusa, deu-se a origem ao Pégaso, um cavalo alado.
“A górgona Medusa tinha serpentes em lugar de cabelos, dentes enormes, uma língua protuberante e um rosto tão feio que todos os que a fitavam petrificavam-se de horror” (Robert Graves).
Fora Perseu quem se encarregou de matar Medusa, a fim de salvar sua mãe de se casar com um rei horrendo. Para lidar com a criatura, Perseu recebera a ajuda de Athena que lhe dera o escudo pelo qual enxergaria o reflexo de Medusa e evitasse olhá-la nos olhos. Também recebera a ajuda do Deus Hermes, que lhe dera uma lança inquebrável para cortar a cabeça da górgona.
De Hades, recebera as sandálias aladas, o elmo da invisibilidade e uma sacola especial para guardar a cabeça de Medusa.
E assim ele conseguiu cortar a cabeça de Medusa, libertando os dois filhos da górgona que haviam se transformado em pedra. Ao retornar para casa, fez uso da cabeça de Medusa para petrificar os soldados do rei e assim salvar sua mãe.
Os pensamentos da Medusa
O principal motivo para esse pensamento filosófico advém dos cabelos de Medusa, que seriam a principal característica deste personagem mitológico. Como os fios nascem da cabeça, ele é ligado ao pensamento, e levando em consideração que Medusa petrifica as pessoas que a olham, chega-se a conclusão de que os pensamentos são petrificantes.
Ou seja, os pensamentos da Medusa seriam aqueles pensamentos que temos em nosso dia a dia e que nos petrificam, paralisam, impedem que sigamos nossa jornada de autodesenvolvimento.
Pode-se dizer que são pensamentos autossabotadores, porém que não enxergamos de tal forma. Afinal de contas, estão enrustidos no senso comum de tal forma que não percebemos o quão petrificantes eles são.
Vamos conhecê-los então.
- Leia também: Mitos de Poseidon | Produtividade – ser ou não ser, eis a questão
Primeiro pensamento: se eu não me comprometer, serei livre
Com certeza você já deve ter pensado que assumir compromissos é sinal de aprisionamento. Vemos isso com frequência quando os homens estão comprometidos a se casarem, e são alvos das brincadeiras de seus amigos que o noivo perdeu sua liberdade, será aprisionado.
Infelizmente existe o pensamento que assumir certos compromissos com a vida seria a perda da liberdade. No entanto, como se pretende viver sem assumi-los? O que seria essa liberdade tão almejada?
Caso você queira seguir seus sonhos e realizar desejos, saiba que para alcançá-los terá de se comprometer. Terá de lidar com desafios que pedem por sua dedicação e presença, além da própria perseverança, caso contrário jamais cumprirá seus desejos.
Quando arrumamos um emprego e deixamos claro para nós mesmos que iremos ascender, ou seja, construir uma carreira, estamos aceitando um compromisso. A liberdade ainda existirá, porém você estará enlaçado à compromissos para que não se perca nessa jornada.
A liberdade nem sempre estará ligada com a ausência de regras e compromissos. Pois uma vez que elas não existem, como você saberá que o caminho a ser seguido é o certo? Não haverá nada com o que se comparar.
Segundo pensamento: estresse é sinônimo de produtividade
Há pessoas que se estressam com seu trabalho, e demonstra-o para outras pessoas de seu círculo social como provação do quão atarefado é. Se houve um dia de trabalho tranquilo e linear, sem estresse, ele logo pensa que seu dia não foi produtivo, que não trabalhou o suficiente.
Isso se liga ao fato de que trabalho deve ser penoso, difícil, complicado.
Na verdade, a dificuldade de um trabalho vem como uma provação para que você melhore o seu desempenho. Para que você se desenvolva. Para que se torne melhor naquilo que faz. Encará-lo como um problema é sinal de que está lidando com algo desconhecido e fora do seu controle, o que pode gerar um pouco de desespero.
No entanto, uma pessoa estressada só atrapalha ao invés de ajudar. O fato de haver tanta ansiedade e raiva para lidar com um problema, toma conta de seu cérebro impossibilitando a criatividade. É o que acontece quando os artistas passam pelo bloqueio criativo.
É necessário a calma para que se possa analisar a situação como um todo e tomar as decisões corretas. Estresse pode culminar em atitudes impulsivas que acarretam em mais problemas.
Sem falar que as pessoas em volta também ficam estressadas, ninguém merece você estar ao lado de uma pessoa assim, não é mesmo? Principalmente quando despejam o estresse em você.
Terceiro pensamento: a perda da paciência ajuda nos problemas
O terceiro pensamento da Medusa está ligado aos anteriores, como se o fato de jorrar sua impaciência fosse o suficiente para lidar com a frustração do problema.
O pedido de calma e a tentativa de remediar a situação estressante pode passar essa impressão de que erguer a voz e bater na mesa resolve as coisas. Mas não é bem a verdade.
Assim como dito anteriormente, ninguém gosta de lidar com pessoas estressadas, que erguem a voz. Isso é um comportamento desrespeitoso, pois esquecemos que a pessoa com quem se grita também é um ser humano, com sentimentos e emoções, que também fica nervosa.
Quando se perde a paciência por causa de algo que não está seguindo o fluxo desejável, apenas mostramos um comportamento birrento.
Em livros e filmes, principalmente do gênero fantasia e aventura, quando aparece aquele sujeito de cabelos brancos diante de um problema ele lida com calma. Nem sempre demonstra a solução tão descaradamente, mas pode apostar que pensamos que ele é uma pessoa sábia. Veja só o quão sábio ele é, pois ele lida com calma.
Quarto pensamento: a preocupação é essencial pra resolver os problemas
Ficar preocupado com algo nos toma tempo e energia. Remoemos o problema, tentando buscar uma solução.
O problema de verdade nessa questão é que, sobrecarregamos o cérebro com o estresse mental.
Tudo se complica quando a pessoa dedica horas do seu dia preocupado com esse problema. Fechar a cara, rodear a mesa, reclamar com outras pessoas, ficar noites sem dormir são algumas vivências que as pessoas preocupadas com seus problemas passam.
É claro que um problema toma nossa atenção, e nos deixa desamparados uma vez que é uma situação da qual não temos controle por não saber lidar com ele. Se soubéssemos, resolveríamos de uma vez por toda e vida que se segue. Mas não sabemos, e por isso nos torturamos de tal forma.
Dependendo do problema, a pessoa chega a sintomatizar o estresse mental.
O fato de tal pensamento petrificar é porque paramos tudo o que temos de fazer em nosso dia, para jogar nossa energia nessa preocupação. Se deseja resolvê-lo dedique um horário apenas para pensar em tal problema, e se não conseguir, vida que segue.
Quinto pensamento: se as pessoas não estiverem ao meu lado, eu não as amo
Ficar grudado nas pessoas, sempre demonstrando algo à elas não é sinônimo de amar.
A grande questão desse pensamento é que passamos tempo demais grudado na pessoa fisicamente, e não dedicamos tempo para crescermos individualmente.
Pense em um casal, que recém mudaram-se para viverem juntos. Acha que se estiverem grudados 24h eles serão felizes? Alguém irá reclamar de se sentir sufocado, de não ter espaço para fazer as coisas que deseja. Essa limitação a fará infeliz, e o parceiro perceberá tal infelicidade e também ficará infeliz. No final das contas, ambos começam a nutrir um relacionamento desarmonioso.
Agora, se mesmo vivendo juntos eles tem sua individualidade, cada um construindo a carreira desejada, dedicando algum tempo para o lazer, tanto juntos e separados, eles se sentirão mais felizes. Tal felicidade será estampada na relação, pois se você vê seu parceiro empolgado e feliz com um negócio, duvido que não fique feliz por ele.
Ou seja, prezar pela individualidade das pessoas também trás felicidade.
Como lidar com os pensamentos da Medusa?
Assim como Perseu recebeu a ajuda de Athena para batalhar contra a górgona, você usará tal arquétipo.
Athena é a divindade da sabedoria, do conhecimento. Quando você adquire esse conhecimento, passa por uma transformação. Já não é a mesma pessoa.
Por exemplo, nesse post falamos sobre os pensamentos que temos no dia a dia e os questionamos para aprender algo com eles. Uma vez aprendido, você irá se reavaliar na rotina para saber se algum desses pensamentos está presente na sua vida. Irá se policiar para não tê-los.
Ou seja, o post trará alguma sabedoria, algum conhecimento para você, que irá transformá-lo. No caso, em tentar não se petrificar com tais pensamentos. Consegue entender o ponto que desejo chegar?
Uma vez que o conhecimento é adquirido, a pessoa consegue voar alto e ascender, sendo essa uma analogia ao filho de Medusa e Poseidon, Pegasus.
Conclusão
Na nossa era moderna onde a produtividade é tão requisitada, temos de tomar cuidado em não atolarmos nosso dia com preocupações excessivas que irão apenas tornar nossa vida um caos. Os problemas são parte de nossa vida, pois nos ajudam a crescer. Mas nem sempre é fácil lidar com eles.
Quando nos encontramos em certas situações complicadas, ficamos pensativos sobre elas. E alguns desses pensamentos podem nos impedir de crescer.
Para lidar com esse empecilho, temos de respirar fundo e buscar conhecimento. Uma vez que aprendemos algo, é como se fossemos Perseu equipado, prontos para lutar com a górgona. Nos tornamos capazes de lidar com os problemas e continuar com o nosso crescimento.
Links externos
- Palestra da Nova Acrópole sobre a Medusa e Perseu e os pensamentos petrificantes.
eu sou revoltado com Athena. Honestamente eu não acho justo que ela seja considerada a deusa da sabedoria, pois Medusa sempre foi uma discípula muito fiel, e continuou sendo até depois de ser abandonada pela deusa que adorava. Athena simplesmente atribuiu a culpa de ser violada totalmente à Medusa, considerando que o estupro fizesse parte da “natureza” dos homens. Fora que ela ajudou o guerreiro a matar sua discípula. Pra mim Medusa sempre será um anjo, um ícone.
Olá Matheus! É compreensível sua raiva, mas devemos levar em consideração duas coisas: uma é de que o estupro aparece em algumas versões desse mito. Em outras, Medusa teria caído de amores por Poseidon (tornando o ato sexual algo consentido); e a segunda consideração é do simbolismo do próprio mito. Faz sentido que se a Medusa torne-se os pensamentos sendo criada pela própria sabedoria, ou pela falha de uma sabedoria. Mas é curioso mesmo esse tipo de comportamento dos Deuses, dificilmente ouvimos falar de um Olimpiano que castigou outro Olimpiano, não importa o quão horrendo tenha sido seus atos.