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Eros e Psiquê: os significados dos enamorados

Eros e Psiquê

Eros e Psiquê

Eros e Psiquê é um mito grego que trás muitas releituras sobre o processo do apaixonamento e amor, nos fazendo refletir sobre os comportamentos dentro de um relacionamento.

Olá caros leitores!

Durante minha graduação, na aula de filosofia para ser mais exata, conhecemos o mito de Eros e Psiquê. Isso por conta de Psiquê estar relacionada com a palavra psicologia. Porém, o que iremos ver no post de hoje é sobre a forma como o mito desse casal pode ser estudado.

Um cupido está apaixonado

Primeiramente vamos conhecer o mito em si.

Eros, também conhecido como cupido, é filho da deusa do amor, beleza e sexualidade, Afrodite. Acontece que havia um rei que era pai de 3 mulheres, sendo que a mais nova era a mais bela moça de todas. A beleza era tanta que enfureceu Afrodite, deixando a deusa completamente enciumada.

Devido a esses sentimentos, Afrodite pede a seu filho que acertasse uma flecha na moça para que se apaixonasse por um monstro horrível e feio. Contudo, ao ver Psiquê, Eros acaba por se apaixonar por ela. Alguns dizem que ele foi acertado pela própria flecha, outros dizem que a paixão viera naturalmente.

O pai de Psiquê estava preocupado que sua filha mais nova não havia se casado como as demais irmãs, e por isso consultou o oráculo de Apolo para saber o que fazer. Induzido pelo próprio Eros, o oráculo revela que Psiquê iria se casar com uma criatura monstruosa, e para isso deveria ser deixada no topo de uma montanha.

Mesmo que a contragosto e desesperado pela filha, o rei acata o oráculo e deixa Psiquê no topo da montanha. Abandonada por amigos e família, a moça cai no sono, e a brisa gentil Zéfiro a carrega até um vale com belo jardim e um magnifico castelo.

A semente da curiosidade

Chegando no castelo, Psiquê percebe que fora bem recebida. Quando sentia fome, um banquete era apresentado a si, quando se sentia cansada, uma cama a esperava. Nada naquele castelo se remetia a um monstro.

Finalmente conhecera de seu marido, porém não conseguia vê-lo. Apenas se deitava com ele durante as noites, da qual conhecera o amor e o prazer. O seu marido a fez prometer que jamais deveria tentar ver seu rosto, descobrir quem ele era. Psiquê estava extasiada com sua nova vida, e fez de sua promessa.

Com o passar do tempo a moça se sentia solitária, e ao descobrir que suas irmãs a procurava, pediu ao marido que permitisse a vinda delas para o castelo. Eros negou várias vezes, e só acatou quando Psiquê reafirmou sua promessa.

As irmãs foram levadas ao castelo, e tudo o que viam dentro lhe causavam inveja. Tomadas por tal emoção, as irmãs começaram a questionar sobre o marido que Psiquê jamais vira, plantando a semente da curiosidade na bela moça.

Quando partiram, Eros avisou a Psiquê que suas irmãs estavam com inveja e que a moça jamais deveria tentar ver de seu rosto. Então falou que a esposa estava grávida, e caso descumprisse da promessa a criança não nasceria divina. Na visita seguinte das irmãs, Psiquê conta estar grávida, fazendo com que a inveja das duas aumentassem.

A confiança é a basa do relacionamento

Novamente questionavam sobre o marido desconhecido, dizendo que ele deveria realmente ser um monstro. À noite, Psiquê dormira com uma faca abaixo do travesseiro e com uma lâmpada, estava determinada a ver o rosto do marido. Caso fosse realmente um monstro, iria matá-lo.

Enquanto Eros dormia ao seu lado, Psiquê aproximou a lâmpada e vira seu rosto. Era um moço mais belo que havia visto, e se sentiu hipnotizada por ele. Não notara que uma gota de óleo de sua lâmpada caíra sobre o ombro de Eros, o despertando de seu sono.

Ficou furioso ao ver que sua esposa havia descumprido com a promessa.

– “Tola Psique! É assim que retribuis meu amor? Depois de haver desobedecido as ordens de minha mãe e te tornado minha esposa, tu me julgavas um monstro e estavas disposta a cortar minha cabeça? Vai. Volta para junto de tuas irmãs, cujos conselhos pareces preferir aos meus. Não lhe imponho outro castigo, além de deixar-te para sempre. O amor não pode conviver com a suspeita.”

Assim Eros deixa Psiquê na casa de seu pai e parte para o templo de Afrodite, deixando sua esposa aos prantos e arrependida pelo que havia feito. As irmãs de Psiquê fingiam sentir pena da bela moça, porém ao saberem que Eros estava solteiro, foram para o alto da montanha pedir para que a brisa de Zéfiro levassem até o cupido. O vento nunca veio, e as irmãs caíram da montanha, assim morrendo.

Reconquista do amor

Pã surge e aconselha a moça a reconquistar seu marido, sendo assim Psiquê parte em uma jornada na busca por Eros para ganhar de seu perdão. Depois de dias e noites vagando, encontra um templo bagunçado com grãos e ferramentas de plantio. Sabendo que se tratava de uma oferenda aos deuses, Psiquê separa todos os grãos e arruma o templo, sendo agraciada com a visão da deusa Deméter, a deusa da colheita.

Deméter aconselha Psiquê que fosse ao templo de Afrodite conseguir de seu perdão. Ao chegar no templo da deusa do amor, encontra-a deveras brava por ver seu filho apaixonado por uma reles humana. Sabendo que Psiquê buscava por seu perdão, propõe a ela que se cumprisse 4 tarefas, então a perdoaria. Porém Afrodite dera tarefas que considerava impossíveis, torcendo para que em alguma delas, a moça perdesse a vida.

Assim Psiquê parte para cumprir cada tarefa.

As quatro tarefas de Psiquê

A primeira tarefa era de separar alguns grãos como feijão, lentilha, trigo, aveia etc., até o anoitecer. Psiquê começou com a tarefa, só que não conseguiu ir muito longe devido ao cansaço. Uma formiga que via de sua tristeza decidiu a ajudar, e convocou um exército de formigas que conseguiram cumprir com a tarefa.

A segunda tarefa era levar até a deusa a lã dourada de carneiros. Ao se aproximar do rio em que os carneiros pastavam, fora avisada por um junco que não poderia se aproximar mais, pois os carneiros poderiam matá-la. Assim esperou até o sol forte onde os animais descansavam, fora até um espinheiro onde havia juntado vários fios da lã dourada e cumprir com sua tarefa.

A terceira tarefa era de pegar a água escura de uma nascente. Psiquê descobrira que tal nascente ficava no topo de uma montanha íngreme, e que ainda era guardada por um dragão. Para lhe ajudar nessa tarefa, uma águia de Zeus pegou de seu frasco e encheu com a água, assim cumprindo com a terceira tarefa.

A quarta, e última, tarefa era de ir até o submundo e falar com Perséfone (esposa de Hades e rainha do submundo) para que cedesse um pouco de sua beleza em uma caixa. Porém, a beleza de uma divindade não era possível de ser vista por um mortal, por isso Psiquê jamais deveria abrir tal caixa.

Acreditando que toda aquela jornada havia desgastado de sua própria beleza, e mais uma vez sendo levada pela sua curiosidade. Psiquê abre a caixa e é tomada por um sono intenso.

O final do casal

Eros que estava sob os cuidados de sua mãe, Afrodite, vai até a amada e consegue tirá-la de seu sono ao guardar o conteúdo da beleza dentro da caixa novamente. Adverte à Psiquê que esta fora a segunda vez que sua curiosidade resultara em algo ruim para ela.

Pedindo que entregasse as tarefas para sua mãe, Eros segue até o Olimpo para pedir a Zeus que o ajudasse com Afrodite. A divindade concorda e assim consegue advogar por Eros, acalmando Afrodite. Hermes fora quem levou Psiquê para a assembléia dos deuses onde a fizera beber ambrosia, a tornando uma imortal.

Assim, Eros e Psiquê puderam se casar e viver sua vida gerando frutos. Tiveram uma criança que mais tarde seria a divindade do prazer.

Os relacionamentos e o significado do mito de Eros e Psiquê

Conseguimos relacionar o mito do casal para a realidade da seguinte forma. Quando há aquele momento em que duas pessoas se sentem atraídas uma pela outra é retratado em Eros ao se apaixonar por Psiquê. É uma atração inicial que mais tarde poderá vir a se tornar o amor.

A parte do mito em que Psiquê fica deslumbrada no castelo magnífico e conhece seu marido, mesmo sem poder ver de seu rosto também uma representação. Nesse caso seria a projeção que se faz no outro, uma imagem refletida no outro que causa fascínio, porém, não está completamente visível.

As irmãs de Psiquê colocam duvidas e inseguranças na bela moça sobre seu marido, todos nós temos disso. Para deixar exemplificado, poderia ser um “pequeno diabinho” que gera tais duvidas para que esperemos mais honestidade por parte do outro (companheiro). No caso do mito, a necessidade de haver mais honestidade na relação culminou na traição de Psiquê para com Eros.

O cupido que tentou esconder sua real identidade de sua esposa ao dizer que ela não deveria ver de seu rosto. Por conta disso, Psiquê sentiu-se ainda mais motivada em conhecer a pessoa com quem casou, apesar de superficialmente ter concordado que daquela maneira tudo estaria bem. Ao ficar em dúvida e curiosa, essa vontade de conhecer mais o marido culminou em seu ato. Entretanto, conhecendo o marido e sabendo quem ele era, de fato, a fez amá-lo.

Quando Psiquê é abandonada na casa do pai, perdendo marido e toda a vida que levava com ela, percebe que precisa conquistar de seu objetivo. O passado pode vir para trazer lembranças, só que para conquistar o que se deseja é necessário ter a visão da realidade em que se vive, assim podendo traçar de pequenas metas e conquistar o que deseja.

Eros, Psiquê e a psicologia

Há uma relação entre o mito e a psicoterapia. Pã seria uma representação do próprio psicoterapeuta, enquanto que a jornada de Psiquê é a representação do paciente em seu desenvolvimento. Em cada tarefa dada a moça, ela encontra dificuldades e entra em contato com um lado sombrio, lhe causando dor e sofrimento. Principalmente na quarta tarefa.

Essa quarta tarefa é bastante simbólica por conta do submundo. Quando se trata de Tártaros, é o lugar onde todos os mortos vão, um momento de reflexão sobre a vida.

“Sua trajetória pelas profundezas simboliza luto, dor e lamentação; é um processo que a faz reconhecer suas limitações, e dessa forma, na paciência, fé e perseverança, conquista sua maturidade e uma nova maneira de enxergar o mundo.”

O jornalista Boechat fala sobre como a ajuda de Eros na quarta tarefa foi essencial para que Psiquê pudesse cumprir com seu processo de individualização. Isso porque sozinha Psiquê não conseguiria, continuaria a cair em sono letárgico, não sendo capaz de sair das projeções do inconsciente. Já com a ajuda de alguém de fora, é possível passar por tal processo de forma consciente.

Ou seja, é tornar possível um trabalho tanto consciente quanto inconsciente, não pendendo somente para um deles, mas mantendo um equilibrio. No mito, isso ocorre quando Eros diz à esposa que fora a segunda vez que cedeu a curiosidade que culminou em algo ruim para si mesma. Com a ajuda de outro, ela consegue concluir esse processo de individualização.

Conclusão

Eros e Psiquê passa a ser um mito que pode render muitos estudos em diferentes escolas da psicologia. Pode ser usado para compreendermos os estados comportamentais dentro do relacionamento, assim como irmos mais a fundo para compreender a relação entre consciente e inconsciente.

Antes de ir mais a fundo em tais análises, é preciso conhecer o mito. Assim podemos ir mais a fundo em seus detalhes e ligar com os simbolismos. Acredito que tanto a psicanálise quanto a analítica, tenham muitos achados que contribuam com esse estudo.

Fontes

Sistec News – A importância do mito de Eros e Psiquê para a psicologia
Blog: Eventos mitologia grega

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