Depois de ter feito o manuscrito de sua história, o passo seguinte é o da revisão. Mas como um escritor pode fazer a revisão da história de maneira profissional e crítica? Nesse post eu te ensino duas maneiras!
Se você está começando a sua carreira de escritor agora, então é provável que os diversos manuais e dicas de escrita tenham te alertado da importância de uma revisão. Alguns até chegam a falar sobre enviar o manuscrito para um leitor beta, mas nem sempre temos dinheiro para terceirizar essa função.
Então, por que nós mesmos não o fazemos?
Todo autor deve revisar sua história, isso é fato. Não podemos ter medo de revisar. Por isso estou criando esse passo a passo para você seguir na hora de revisar sua história. Siga-a como preferir, mas tenha consciência de que cada passo é importante.
A importância do descanso do texto entre as revisões
Muitos escritores falam que após terminar de escrever a primeira versão de sua história, é importante deixá-la descansando por algum tempo. Isso mesmo, engavetar sua história por algumas semanas, e pegá-la depois.
Já se perguntou o por quê disso?
Ao finalizar a primeira versão é como se passássemos por um parto. Finalmente a ideia que foi gestada e nutrida com insights veio ao mundo, e às vezes com muito custo e bloqueio criativo no caminho. Se realizarmos a revisão logo em seguida é bem provável que estejamos apegados à história e não façamos a revisão direito.
Durante uma revisão cenas serão excluídas e substituídas, ideias saem do cenário para outras virem em seu lugar. Ou seja, as coisas mudam. Como a primeira versão é o nosso primogênito querido, nem sempre olharemos para ele de maneira crítica para desenvolver a qualidade.
Sendo assim devemos deixar o texto descansando para que nós desvinculemos dele. Esquecemos de seus detalhes e desapeguemos de seus personagens. Depois de semanas, quando o pegarmos novamente, poderemos ler como um leitor que desconhece a história. E isso nos permitirá uma leitura mais crítica sobre a qualidade da história.
E é nesse momento que faremos nossas revisões.
Quantidade de revisões que precisamos fazer
A resposta mais simples é: quantas você achar melhor.
Usando a minha profissão como exemplo, geralmente eu reviso uma história cinco vezes antes de publicar na Amazon. Já no Dreame não tenho muito o que fazer, já que publico um capítulo todos os dias. Ainda não criei um calendário de revisão para aquelas histórias.
Como faço essas cinco revisões, diria que fica uma por mês. Ou seja, levo cerca de seis meses para produzir um livro inteiro e lançá-lo no Kindle. A minha revisão costuma ser mais o processo mais rápido que o da escrita, demorando por volta de uma à duas semanas se eu trabalhar todos os dias na revisão.
Porém já cometi o erro de revisar uma história duas vezes ao mês, só por estar ansiosa em publicar o livro. Resultado, a qualidade é questionável por mim. Não senti que fiz um bom trabalho e que poderia ter desenvolvido bem mais a história.
“Alis mas se eu quiser revisar somente três vezes, posso?” Pode, fique à vontade. Porém, ao menos uma vez você terá de revisar sua história. Em contrapartida, evite exageros. Não adianta revisar dez vezes a sua história.
Técnica #1 – Revisão ortográfica
Vamos supor que você escolheu fazer cinco revisões de sua história. Separe a primeira ou a segunda para um revisão ortográfica. Não dê atenção ao seu enredo, mas sim nas palavras. O objetivo dessa revisão é exterminar qualquer ruído de comunicação com o nosso leitor.
Recupere suas lições de português da escola para isso, abrace um dicionário e se prepare para a guerra.
Preste bastante atenção no tamanho das frases e parágrafos. Veja se não está sendo redundante ou incoeso. Atente-se também na repetição de determinadas palavras, evite-a repetir por mais de duas vezes em um mesmo parágrafo. Ou então troque-a por um sinônimo.
Verifique sua pontuação, se colocou a vírgula nos lugares corretos, se os verbos estão conjugados da maneira correta.
Uma dica que eu dou é seguir no instagram IG’s que ensinam sobre gramática, pois há dicas de ouro por lá. Se quiser ir mais a diante aproveite para aprender sobre alguma regra que tenha dúvida.
Nessa revisão ortográfica é interessante você estar atento ao seu padrão de palavras. Explore bastante os sinônimos e aprenda palavras novas se puder, pois será de grande ajuda. Isso não significa que deva usar palavras estranhas, tenha cuidado para não exagerar.
Técnica #2 – Revisão de plot
Esse tipo de revisão pede por um olhar mais crítico e pode demorar mais. Geralmente será necessário mais de uma revisão de plot, pois o autor precisará se desconectar da própria história para realizar uma revisão crítica. Aproveite para pegar aquele planejamento que você desenvolveu antes de começar a escrever, para saber quais ideias foram usadas e quais foram deixadas de lado.
O cerne dessa revisão é coerência. Faz sentido que certas situações aconteçam em sua história? Elas tem um propósito? Não é um exagero? Aqui não será aceito que coisas aconteçam só porque você, autor, quis. Tem que ter um objetivo para o leitor compreender.
A revisão de plot é mais cansativo, por isso você poderá dividi-la em etapas. Caso sua história tenha arcos, revise-os separadamente. Se não for o seu caso, faça pela cenas. Por exemplo: primeiro revise até o momento em que o casal de apaixonou, depois os capítulos em que eles se dão conta dos sentimentos, e assim vai.
Nessa revisão algumas cenas podem sair da sua história, por não fazer sentido ou serem desnecessárias. Aproveite para olhar no seu planejamento inicial e verificar se há alguma coisa que não foi trabalhada, ou se há alguma ideia que possa ser inserida no lugar de outra.
Esteja atento também na personalidade do seu personagem. Pode acontecer de no começo da história o protagonista de mais alegre e do meio pro final ele se tornar alguém soturno. Se a mudança não é proposital, então é um erro de coerência.
Verifique se há alguma informação que foi dita antes e depois foi dito ao contrário. Veja se há alguma informação dita no começo e que depois fora esquecida.
Nunca espere a perfeição
Toda vez que você for revisar a sua história, haverá alguma coisa que desejará mudar. Isso é um fato, aceite.
Por isso não é recomendado fazer tantas revisões assim, pois pode chegar um momento em que a história irá se perder da ideia original. Isso é algo que queremos evitar.
Um texto perfeito não existe, todo livro é repleto de falhas sejam elas ortográficas ou do enredo. E está tudo bem, pois a maioria dessas falhas não tornam a história menos atrativa para o leitor. Haverá gente que gostará de suas histórias.
Certamente que não devemos ser relaxados e deixar nossas histórias em frangalhos. Apenas tenha em mente que suas revisões estão sendo feitas em um plano macro. O micro pode vir mais tarde.
Quando devo contratar um leitor beta
Só porque você fez cinco revisões de sua história, não quer dizer que não possa pedir ajuda de algum leitor beta. A maioria dos escritores enfatizam a importância desses profissionais no processo de revisão, porém não são todos os escritores que tem condições financeiras para contratarem.
Está tudo bem se não puder, sua história não estará completamente ruim só por isso.
O leitor beta é uma ajuda extra, pois diferente de você ele desconhece por completo a história. Então o olhar dele é bem crítico e sensível aos erros de coerência do plot. O profissional poderá ajudar com ideias sobre o enredo, e com certeza haverão mudanças em sua história.
Certamente que não deve dizer amém para tudo o que o leitor beta opinar. Pondere, reflita, veja se a ideia é viável mesmo. Afinal, só você conhece a sua história de cabo à rabo.
Leia também:
- O que um beta reader faz?
- Calendário do escritor: como criar o seu
- Crie arcos para trabalhar a subtrama
Conclusão
Os dois tipos de revisão se complementam. O primeiro é uma revisão ortográfica que pode ser feito por primeiro ou por último, ou ambos os casos. Já o segundo é uma revisão mais crítica sobre o enredo, verificar se há furos ou incoerência.
Nesses dois tipos de revisão o autor deve estar a par de suas ideias originais e não poderá ter dó da própria história. Reescrever é parte do processo de criação, não devemos temê-la.
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