Olá meus queridos leitores!
Para hoje venho falar de um livro chamado “O nascimento e a família”, escrita por José Martins Filho. O autor é pediatra e já escreveu outras obras que falam sobre crianças e família.
Basicamente irei falar um pouco do que o livro trás como conteúdo, e depois darei a minha opinião. Leva-se em consideração que o livro foi escrito por um pediatra, então devemos compreender que esses profissionais devem receber diferentes discursos dos pais. Digamos que é curioso saber sobre o ponto de vista dos pediatras e demais profissionais da área, sobre o preparo das pessoas para serem pais. Explorarei isso depois.
“O nascimento de um bebê é um acontecimento marcante em qualquer família. A chegada do novo membro traz mudanças e novidades e, com elas, é comum surgirem dúvidas.
Neste livro, o pediatra José Martins Filho discute tópicos fundamentais da criação de filhos, com o objetivo de auxiliar os pais na evolução e no crescimento dos pequenos. Entre outros temas, trata da importância da amamentação e aborda os anseios que acercam o fim do período de licença-maternidade, chamando especial atenção para a problemática da terceirização dos cuidados.
Da gestação ao parto, o autor busca esclarecer aqui as preocupações relativas ao bom desenvolvimento da criança. Pois é nos primeiros anos de vida, particularmente nos primeiros mil dias desde o início da gravidez, que reside a necessidade da presença familiar, da educação, do exemplo e da transmissão de valores éticos humanos”.
A primeira coisa que o autor fala no primeiro capítulo é a desinformação dos pais em relação do que é ser pais, do que é ter filhos. É discutido que existe um pensamento de que as crianças, em seus primeiros meses de vida, apenas dormem e choram por comida de tempos em tempos. Por não saberem que os recém nascidos demandam tanta atenção, os pais se esgotam e se estressam com muito mais facilidade. Para os pais de primeira viagem, o terror aumenta. Por ainda não saberem desvendar os significado dos choros do bebê, eles acabam por ficarem desesperados e com medo de cumprir com as funções (ma)paternas.
“[…] dou-me conta de como tem feito falta a orientação pré-natal sobre o que significa ter um filho e sobre a mudança real que acontece na vida das pessoas com o aparecimento de um bebê.”
No próprio hospital pode começar um hábito que o pediatra considera terrível, o desmame precoce. A preocupação sobre o bebê ainda não estar ganhando peso, e a dificuldade dos novos pais em decifrar o choro, há um movimento de dar a mamadeira para o recém-nascido. O médico já fala que que o bebê há de acostumar com o bico de borracha lhe dando altas quantidades de leite, e quando está em casa e a mãe dá o peito, pode sentir dificuldade em estimular o aleitamento materno. Isso porque o bebê precisa sugar várias vezes para que o leite comece a sair, e ainda assim não será na mesma quantidade que uma mamadeira comum.
É preciso lembrar que atualmente, está crescendo a cultura de aproximação da mãe e do bebê recém-nascido. São momentos como o contato pele a pele logo após o nascimento do bebê, onde a mãe o abraça e acaricia sua mão, seu rosto, fala com ele. O primeiro contato com a mãe passa a ser algo essencial e esperado atualmente.
“Aliás, é bom lembrar que esses ruídos, do coração batendo, dos movimentos peristálticos intestinais, do fluxo sanguíneo na aorta materna, são os que o bebê ouviu no útero durante toda a gravidez e que seguramente o tranquilizam.”
Outros assuntos são explorados no livro, a opinião do autor sobre os tipos de partos, o envolvimento do pai no pós-parto (sobre eles se sentirem abandonados após o nascimento do filho, e acabam por ficar deprimidos), e até mesmo alienação parental. Voltando para a modernidade de nossa sociedade, o pediatra também discute sobre as mães quando voltam a trabalhar e com quem deixam os seus filhos, creches e avós entrando em ação.
“Os países mais desenvolvidos descobriram isso há muito tempo e têm licenças-maternidade que beiram os dois anos e às vezes, além disso, o pai tem licença de dois meses”.
Em outros capítulos o autor mostra sua preocupação sobre o uso de cigarro e álcool durante a gestação, e de como isso pode afetar o feto. A partir de pesquisas internacionais, e até de sua própria experiência, o autor fala brevemente sobre alguns problemas que isso pode gerar na criança em desenvolvimento.
Outra pauta que comentei anteriormente se refere a alienação parental. É um assunto que deve ser tratado, pois alguns pais o fazem sem perceber. São casos que podem ocorrer, em sua maioria, mas não em sua totalidade, quando os pais da criança passam por divórcio ou separação. Seria aquele momento em que um progenitor consegue alienar o filho afim de cortar relações com o outro progenitor, ou até mesmo tentar fazer a criança esquecer do outro progenitor.
“Há tentativas e iniciativas, muitas vezes caluniosas, falsas e muito agressivas, de mostrar para as crianças que o outro progenitor – seja ele o pai ou a mãe – não presta, não ama os filhos ou os abandonou por falta de respeito ou consideração por eles”.
Um ponto bastante positivo neste capítulo, é que o autor transcreve os artigos da lei 12.318 que fala sobre alienação parental. É uma fonte de conhecimento para os pais compreenderem que é algo sério e que deve ter cuidado.
Agora falando sobre a minha opinião em relação ao livro. Salientei e muito durante esse post de que o livro foi escrito por um pediatra, o que significa que eles tem uma certa visão em torno do assunto. São profissionais que recebem em seus consultórios os mais diferentes discursos, situações que mostram a eles sobre o despreparo dos pais, e até mesmo a desestrutura em nosso país para cuidarmos melhor das crianças.
Há coisas nesse livro que psicólogos podem descordar. Porém, há outros pontos que temos de concordar. É interessante que apenas um capítulo de livro poderia estimular um profissional de nossa área em um trabalho. Deveríamos explorar mais temáticas sobre cuidados com uma criança – mostrar aos pais a lidar com expectativas e frustrações -, métodos ideais para abordar o assunto sobre deixar ou não a criança na creche (acredito que essa seja uma questão que muitos pais fiquem se questionando se é ideal ou não), métodos para falarmos de experiências.
Outro ponto interessante é fazer justamente um trabalho interdisciplinar. Psicólogos auxiliando pediatras e demais profissionais da área, e vice-versa. Tenho certeza de um há de contribuir para o outro.
Esse livro é interessante para termos uma noção de algumas demandas sobre as famílias. E também para compreendermos que não seria somente o psicólogo que atende essas demandas, outros profissionais recebem ela e podem não estar preparados para lidar. Digamos que se você ler este livro com a intenção de procurar assuntos para pesquisar, há de encontrar e muito. E o que é melhor, estará contribuindo não somente para os psicólogos, mas também ajudando e instruindo os demais profissionais.