Você consegue se definir em uma única palavra ou frase? É muito bom encontrarmos algo que fale nos ajude a compreender e identificar o tão complexo eu. Porém, devemos tomar certo cuidado com as autoafirmações, pois nem sempre elas irão nos definir de maneira positiva.
Nesses últimos dias eu tenho refletido sobre um assunto, e percebi que caí em uma armadilha ferrenha. A autoafirmação é uma faca de dois gumes.
E eu irei te explicar o motivo.
Se encontrar nas palavras
Se assim como eu, você faz testes de personalidades para encontrar algo que a defina exatamente, é provável que tenha se deparado com algumas frases ou palavras que acabam fazendo parte de sua vida.
No meu caso foi a dita palavra preguiçosa. É algo que minha família fala de mim, uma característica típica de seu signo solar (câncer) e um traço de personalidade que se destaca em mim. Afinal de contas, não gosto de ser ativa fisicamente por preferir ficar sentada observando. Quanto menor movimento, melhor.
Aceitar que sou preguiçosa não foi difícil para mim, pois até um cego perceberia isso. Então não há outra alternativa além de aceitar que faz parte de mim.
Encontrar a si mesmo em uma definição é como abrir as portas de um novo caminho. Nem sempre percebemos que agimos de determinada maneira, e essas definições no colocam para refletir. Também devemos levar em consideração que nossos comportamentos, modo de pensar e enxergar o mundo mudam com o passar do tempo. Então aquela palavra pode deixar de te definir em algum momento.
Ainda assim é libertador se encontrar.
Somos pessoas complexas demais, uma palavra só não é o suficiente para definir o nosso leque psíquico. Mesmo assim ficamos contentes quando um fragmento só é reconhecido com aquela palavra.
Autoafirmação é perigosa
Vestir a camisa de uma definição é perigoso, pois nossa psiquê pode entender que devemos ser fieis a essa definição. Se eu digo que sou preguiçosa, então devo agir dessa maneira. Se você se considera empoderada, não aceitará depender de ninguém.
E isso é perigoso, pois estamos definindo nosso leque inteiro em uma palavrinha só.
Tudo bem ser empoderada no seu trabalho e na vida pessoal, mas há momentos em que você pode relaxar e deixar que os outros tomem a frente. Tudo bem ser preguiçosa quando está em casa, mas diante do trabalho deve ter uma postura mais ativa.
Vestir a camisa de uma definição pode arruinar todo o seu empenho nas diversas esferas da sua vida.
Que tal adicionarmos um “mas” depois da definição? “Sou preguiçosa sim, mas…” “Sou ativa, mas…”. Somos complexos demais para não ter esse “mas” presente, não acha?
Podemos dizer que está tudo bem em ter mais de uma definição. É como aquela famosa frase de perfil do orkut “sou uma garota complicada”. Não existe ser humano que não seja complicado.
Autoconhecimento e a autoafirmação
Quando você fizer algum teste de personalidade ou verificar algum oráculo com a intenção de se conhecer melhor, comece a se questionar em quais momentos você age de determinada maneira. É ativa quando? Ao fazer determinada tarefa, como você age?
Autoconhecimento não serve para nos definir. Não é um questionário onde você responde as perguntas, e recebe uma resposta exata da qual deverá concordar. Autoconhecimento serve para se questionar, como um mapa em que você deve analisar o caminho.
Será que sou assim mesmo?
De tempos em tempos precisamos refazê-los para perceber as mudanças que passamos. Nem que seja uma mísera diferença, do tamanho de uma semente de uva. Essas mudanças nos transformam, mudam a forma como enxergamos o mundo e nos posicionamos nele.
A palavra chave, nesse caso, seria tempo. Autoafirmar algo por muito tempo pode nos impedir de evoluir, seja para uma versão melhor ou pior nossa.
Conclusão
Minha intenção com esse post é apenas fazer um alerta para não nos apegarmos ao que nos define. Se autoproclamar de determinada maneira pode dizer muito sobre você, ao mesmo tempo que pode te rotular de maneira errônea.
Entenda, somos complexos demais para que uma palavra chave nos defina.