No post de hoje iremos conhecer um pouco mais sobre outra obra de Jane Austen. Caso ainda não tenham visto, já foi feito um post sobre Orgulho e Preconceito, basta clicar para lerem.
ღ Sinopse: O enredo, embora simples, não deixa der ser profundo e questionador: a história se estrutura em torno das irmãs Dashwood, Elinor e Marianne, que na Inglaterra dos últimos anos do século XVIII, ficam desamparadas com a morte do pai, cujas propriedades são deixadas como herança para um filho do primeiro casamento, obedecendo-se às leis inglesas. Bonitas, inteligentes e sensíveis, as irmãs Elinor e Marianne, sua mãe e sua irmã menor, Margareth, mudam-se para um chalé oferecido por um parente distante. Sem dotes a serem oferecidos para seus casamentos, Elinor, o arquétipo austeano da razão, e Marianne, o da sensibilidade, têm poucas oportunidades de conseguir um bom casamento, mas a grandeza de seus sentimentos – a sinceridade e a fidelidade do coração de ambas – se revela importante contra a hipocrisia de uma sociedade preocupada apenas com as aparências e os bens materiais.
Algo novo em um romance regencial
Gosto muito de romances regenciais, e Razão e Sensibilidade trouxe algo que não costumamos ver muito nos livros, a questão do recasamento. Se você for um leitor assíduo, com certeza vai se lembrar dos livros de Julia Quinn, onde temos dois romances que contam com o recasamento. É tudo muito bonito, tudo muito fofo, gostamos muito, certo? Certo.
No entanto, o que me chamou a atenção nesse livro em específico, foi o lado ruim que pode acontecer no recasamento da época. O senhor Dashwood veio a falecer e toda a herança ficou para o filho do primeiro casamento. Sabemos como isso funcionava na época regencial, então não chega a ser um espanto por completo.
O que realmente me surpreendeu foi de ver que esse irmão foi completamente ludibriado pela esposa a dar pouquíssimo dinheiro para a madrasta e as meia-irmãs. Nesse momento fui obrigada a sair da bolha família feliz, e encarar com muita raiva para esse casal.
Se formos olhar Orgulho e Preconceito, também temos esse tipo de comportamento vindo da irmã de Sr.Bingley, que demonstra seu total descontentamento de Charles estar apaixonado por Jane. Então não é algo novo, e poderia ter sido um comportamento deveras recorrente entre as famílias mais abastadas da época.
As irmãs Dashwood e sua mãe ficaram sem casa e sem dinheiro, tendo de recorrer às pressas aos jornais para procurar uma casa para se mudarem. Afinal de contas, a casa agora era do senhor pomposo.
É notável que Marianne não gostou nem um pouco disso, ela demonstra toda sua frustração evitando conversar com a esposa do irmão, evitando comparecer nos desjejuns. Já Elinnor tenta manter as aparências, como se tudo estivesse bem e que ela conseguisse lidar com a situação.
Acontece que a Sra. Dashwood tentou permanecer na propriedade por um tempo a mais – mesmo que saturada da nora – por conta de um pequeno romance que crescia…
Os romances do livro
A nora da Sra. Dashwood tem dois irmãos solteiros, e um deles resolveu visitar a irmã e o cunhado em sua nova propriedade. Esse rapaz é o mais velho, chamado Edward Ferrars, um homem atípico para a época. Ele é calado, não tem uma aparência tão bela, pode-se dizer que somente quando pega intimidade é revelado o seu afeto.
O rapaz é completamente diferente da irmã, que já tinha conquistado todo sentimento amargo das mulheres Dashwood. Elinor gostou bastante dele por justamente ser quieto, de não ficar preenchendo a sala de jantar com conversas vazias.
Os dois começaram a demonstrar interesse rapidamente, passando mais tempos juntos. A questão principal que me fez afeiçoar a Edward, foi o modo como ele conversava com Margareth – no filme.
Elinor já demonstra seus sentimentos, mesmo que forma contida e menos explosiva que Marianne. Estava tudo encaminhado para que do afeto viesse um casamento. Depois da mudança, o casal perde um pouco do contato, e então conhecemos o segundo romance.
Marianne, ao contrário da irmã, é bastante sensível e sempre expõe seus sentimentos. Ela é aquela que se entrega, e quando alguém não parece demonstrar os sentimentos da forma que ela acha certo, fica aborrecida. Em seus dezessete anos ela já tem uma fantasia montada sobre o tipo de homem pelo qual gostaria de se apaixonar, e de como esse homem poderia se apaixonar por ela também.
Por isso, ela não dá tanta atenção ao Coronel Bradon de imediato. Por estar em seus 35 anos, – que na época era considerado uma idade bem avançada – Marianne não chega a ter alguma afeição por ele, como ele tem por ela.
Ao contrário da forma explosiva pelo qual se apaixonou pelo Sr. Willoughby. O rapaz é mais novo e extrovertido, sempre brincando com Marianne e a divertindo da forma mais prazerosa que um adolescente gosta.
O romance de Marianna em meio a dois homens chega a ser um drama da qual você não sabe para quem torcer, mas percebe que tem algo a mais nessa história. Isso porque Coronel Brandon sempre parece ressabiado quando o assunto é o extrovertido Will (vou diminiur esse nome, porque não dou conta de escrever tudo haha).
Seria algo como uma rivalidade entre homens por causa de uma mulher? Não. É nítido que tem algo a mais nessa história toda. E essa tensão toda aumenta, quando Will parte de repente para Londres, deixando todos assombrosos com a cena.
É o segundo momento que as irmãs se deparam com um rompimento em suas expectativas de casarem por conta de alguém tendo de partir.
No momento essa cena encerraria o que considero como primeiro arco dramático do romance. As duas irmãs se viram apaixonadas e no final das contas foram separadas dos rapazes.
No segundo arco ambas terão de lidar com rumores que as deixarão desconfortáveis e completamente sem rumo. Marianne, como já é esperado, quando recebe determinadas noticias fica completamente desesperada por respostas e se lamenta entre lágrimas sofrendo por demais. É esperado, já que ela sempre está expondo seus sentimentos, e nesse caso, ela chora demonstrando a sua tristeza.
Enquanto Elinor mantém tudo para si, tenta juntar as informações em sua cabeça para compreender a situação. Levando em consideração as regras da sociedade da época, há coisas das quais ela poderia intervir – e tentou com a ajuda do Coronel Brandon – enquanto que outras ela teve de resguardar.
De qualquer forma, cada uma levou a sua própria forma de lidar com esse arco difícil do amor. E… encontraram suas respectivas saídas para a felicidade.
Minha opinião sobre o livro
Simpatizei demais com Elinor, consegui me ver nela de certa forma. Ela é racional, soube como lidar com as situações de maneira que não preocupasse os demais em sua volta. O romance dela com Edward foi o suficiente para mim, adorei a forma como ela é preocupada com sua irmã, tentando aconselhá-la mesmo que a garota fosse teimosa.
Senti pena do Coronel Brandon, pois houve momentos em que Marianne e o Will ficavam falando mal dele por ser quieto demais. E mesmo que Elinor o defendesse dizendo que é um homem que é educado, que conversou bastante com ela e tudo mais, os dois continuavam a “zoar” o coronel.
O considero o meu personagem favorito justamente por ter sido persistente, ter tentado resolver as situações, ter tentado conquistar o afeto de Marianne de uma forma adequada sabendo o momento certo de se aproximar dela. Com certeza ele foi o que mais me conquistou em toda a obra.
Por conta de ser “explosiva” demais, não senti tanta empatia por Marianne. Ela sempre coloca os sentimentos antes de qualquer coisa, e houve momentos em que deixava claro que não estava tão interessada no Coronel. Sabe quando você percebe que a cena foi chata? Mas não chata por tediosa, mas sim no sentido de desconcertante.
Só que gostei de como as coisas aconteceram para ela. Se tratando de Marianne, apenas a vivência seria capaz de ensiná-la alguma coisa. Elinor até tentou falar com ela em algumas cenas, para que se portasse melhor e tudo mais, só que a garota achava que os sentimentos dela não tinham nada de errado, e que poderia demonstrá-lo sem se envergonhar.
No segundo arco de seu romance, ela acaba por passar em uma situação bastante complicada, tendo de lidar com o coração partido e tudo mais. Então essa experiência emocional foi capaz de fazê-la repensar e ver as pessoas em sua volta de outro modo.
Já Elinor, nada a falar. Maravilhosa, amei, quero ser ela quando crescer haha.
Espero que tenham gostado do post de hoje, e super recomendo que leiam o livro. Caso seja do interesse, assistam ao filme que conta com elenco de peso.
Vejo vocês no próximo post 😉