Você tem um gênio criativo? É provável que naquele momento em que precisava de um empurrãozinho para ser criativo, um gênio tenha lhe sussurrado uma ideia. Não conhece essa história? Então venha conhecer esse elemental presente em várias culturas.
Essa semana quero falar com vocês sobre os gênios da criatividade. O tema foi retirado de um TED talk de uma autora que comentava sobre o processo criativo de artistas, e de como esse processo era visto na época da Grécia e Roma antiga.
Considerei esse tema interessante de falarmos em nossos estudos bruxescos, pois trata-se de mitologia. Vocês sabem que sou fascinada por mitologias antigas, então não deixaria de fora a possibilidade de estudar sobre esses gênios.
Vivemos em uma era em que o homem se tornou o centro do universo, e isso acontece há séculos. Contudo, nós estamos aqui pois acreditamos que há algo à mais nesse universo. Sejam criaturas míticas ou divindades, acreditamos que está além da nossa humanice.
Então, vamos adicionar conhecimento sobre mais um ser mítico.
O que é o gênio criativo
Há quem diga que na Roma Antiga os romanos acreditavam que cada pessoa tinha seu gênio. Isso no caso dos homens. Sim, os homens teriam um gênio e as mulheres uma Juno (nome da Deusa Hera na mitologia Romana). Eles seriam ancestrais que zelam por seus descendentes, chegando ao ponto de se transformarem em guardiões pessoais que concedem o intelecto e talento.
Também havia a crença de que regiões, famílias e até mesmo cidades tinham o seu gênio.
Quando se aproximava a data de aniversário, o homem realizava sacrifícios ou oferendas para esse gênio criativo em forma de agradecimento pelo conhecimento que lhe fora concedido.
Podemos dizer que há uma relação de troca aí. O gênio concede a arte, o homem a reproduz e então agradece seu gênio. E esse é o ponto diferencial.
O homem não fica com os créditos.
A perda do gênio
Desde o momento em que o homem deixa de acreditar na magia e se torna mais racional, houve uma desconexão com o gênio criativo. O homem passa a ser congratulado por suas criações, sendo ele considerado um verdadeiro gênio.
E quando há falta de criatividade, é o homem quem sofre. A falta de criatividade tenta ser combatida com as medida de “anti bloqueio criativo”, buscando manter o homem sempre na ativa. Sempre criando algo. Inclusive, se olharmos para a sociedade moderna perceberemos que a pressa tão comentada poeticamente vem da hiperprodutividade. Precisamos estar produzindo algo o tempo todo. É inadmissível permanecer parado.
Além disso, tem de produzir algo bom, perfeito. Até na literatura e novelas isso é retratado quando vemos uma pessoa indo muito bem em alguma coisa. O CEO jovem que é muito inteligente e conquistou muitos prêmios é considerado um gênio.
Trazer o mérito da genialidade aumenta a pressão sobre nós, e quando menos esperamos estamos sofrendo por não cumprir expectativas.
Pensando um pouco, não parece que estamos sendo egoísta em excesso ou nos tornamos narcisistas? Não estamos esquecendo de algo?
Daemons, gênios, existem por toda parte
Independente de qual seja a cultura, eles podem estar presentes na maioria delas. Os gregos os denominavam de Daemons, enquanto os romanos deram o nome de gênio. Independente de qual seja seu nome, a questão é que podemos resgatar esse ser divino e dar os devidos créditos por nos auxiliar.
Agradecer. Sempre temos de ser gratos por aquilo que temos, desde o ar que respiramos até o solo que pisamos. Porque cada mísera partícula em nossa volta nos ajuda a existir.
Então, quando você se sentar para começar a fazer algo (seja escrever, desenhar, fazer seu trabalho) convide o Daemon para estar ao seu lado, sussurrando criatividade e lhe auxiliando naquele dia. Quando terminar, agradeça-o devidamente.
Ao invés de sermos um gênio, vamos ter um gênio nos acompanhando em nossa jornada.
Lembre-se dos elementais!
Quando estudamos os elementais, você deve ter reparado que alguns deles podem nos acompanhar desde o nascimento, como as salamandras e as ondinas.
Veja só como estamos cercados de seres que cuidam de nós, que nos ajudam a crescer individualmente para cumprir nossa missão aqui, e como somos grosseiros com eles. Não os agradecemos, não os incentivamos e nem ao menos reconhecemos sua existência.
Quando for meditar, tente identificar a presença desses elementais e seres divinos na sua vida. Converse com eles.
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A palestra de uma escritora
O que me chamou a atenção sobre esse tema foi uma palestra de 20 minutos da escritora Elizabeth Gilbert, que escreveu “Comer, rezar e amar”, onde fala sobre o gênio criativo. Em seu discurso quero trazer duas coisinhas que ganharam a minha atenção, e espero que ganhe a sua também.
“Eu me encontrei recentemente com a extraordinária poeta americana Ruth Stone, que está com 90 anos, e foi poeta a vida inteira e ela me contou que quando crescia no interior da Virginia, trabalhando na lavoura, ela podia sentir e ouvir um poema chegar até ela por sobre a paisagem. Ela contou que era como uma lufada estrondosa de ar que descia atrás dela até o campo. E ela sabia que estava chegando, porque a terra tremia debaixo de seus pés. E ela sabia que só podia fazer uma coisa: que era, em suas próprias palavras, ‘correr como o diabo’ e ela “corria como o diabo” até a casa como se estivesse sendo perseguida pelo poema, e ela tinha que pegar uma folha de papel e um lápis, bem depressa, de tal maneira que quando o poema passasse através dela, ela pudesse agarrá-lo e prendê-lo naquela página. Algumas vezes ela não era rápida o suficiente e apesar de correr e correr, ela não chegava ao papel a tempo e o poema atravessava o corpo dela e ela o perdia e continuava a seguir através da planície procurando, como ela dizia , ‘por um outro poeta’.
Algumas outras vezes, e essa é a parte que eu nunca esqueço, ela falou que havia momentos em que o poema passava raspando e ela ia correndo até a casa atrás do papel e o poema a atravessava, e ela pegava o lápis no momento em que ele estava passando por ela e ela dizia que era como se ela o pegasse com a outra mão e o agarrasse. Ela pegava o poema pelo rabo, e o puxava de volta para dentro do seu corpo enquanto transcrevia a página e nessas instâncias, o poema aparecia sobre o papel perfeito e intacto, mas de cabeça para baixo, começando pela última palavra (risos)”.
Conclusão
Nos tempos antigos existiam diversos elementais que nos ajudariam a ter uma vida próspera e segura, sendo responsáveis por dádivas. Hoje conhecemos o daemon, ou gênio criativo, que sussurra suas ideias para os artistas suavemente. Não apenas o ser humano é responsável por trabalhar a ideia, como a recebe de outro plano.
Poderíamos agradecer ao nosso gênio criativo por tamanha sabedoria.
Olá!
Sou nova aqui e estou amando o conteúdo. 😀
Sempre gostei de arte, sou desenhista, e tenho essa sensação de que as ideias vem até mim,agora entendi o porquê.
Obrigada por esse conteúdo maravilhoso!