A cultura celta é tão antiga que os historiadores têm dificuldades em compreender o povo celta com precisão. Porém, os resquícios de sua religião nos mostram a origem de diversas linhas teóricas usadas no neopaganismo.
Nessa semana consegui ler um livro chamado “Guia da Mitologia Celta” que dá um resumo de 100 páginas sobre a cultura celta sob a perspectiva histórica. E claro que eu reuni informações essenciais para fazer um post, e ajudar você em seus estudos bruxescos.
Caso seja iniciante na bruxaria natural, é importante compreender a importância da cultura celta na sua prática. Apesar da bruxaria natural deter muitos costumes e divindades misturados, a maior parte deles advém da cultura celta.
Inclusive, para aqueles que tem interesse em iniciar na Wicca é importante conhecer a mitologia celta. Não somente a questão das divindades ou símbolos utilizados, como os próprios sabbats e o culto à Deusa.
Sendo assim, vamos começar.
A cultura celta é politeísta
Quando falamos que uma civilização é politeísta, isso quer dizer que trata de um conjunto de crenças, práticas e representações religiosas. Se formos comparar ao cristianismo, podemos dizer que ele é monoteísta, ou seja uma única figura divina. No caso do politeísmo há uma diversidade de deuses.
Outro ponto que vale lembrar é de que os celtas viviam em tribos espalhados pela Europa. Antes mesmo dos romanos e gregos existirem, os celtas já existiam. Eles estavam espalhados em países como Escócia, França, Alemanha, Itália, Inglaterra, Irlanda, País de Gales, Bélgica, Grã-Bretanha, Dinamarca, Espanha e até mesmo Portugal.
Observando por esse ponto, é compreensível que muitas divindades de outros panteões, principalmente romano, deterem divindades que são similares aos deuses celtas. Até porque, anos depois os romanos invadiram territórios celtas até eles deixarem de existir. Somente países como Escócia e Irlanda conseguiram manter as tradições celtas a partir da literatura.
De qualquer forma, o politeísmo celta é considerada animista. Isso quer dizer que os celtas acreditavam que animais, plantas, rochas e fenômenos climáticos possuíam uma essência espiritual. Por causa dessa crença os celtas não tinham templos construídos, pois seus ritos ocorriam em bosques e campos.
É de se imaginar que eles viam a própria natureza como uma manifestação da Deusa-Mãe, considerada a maior divindade de todo o panteão. Com isso, estar conectado com a natureza permitia um equilíbrio entre o homem e a essência espiritual.
Levando em consideração o animismo presente na religião, suas divindades são inteiramente conectadas à fenômenos e elementos da vida. Deuses dos mares, das montanhas, fertilidades, forja e até mesmo da cerveja. Cada esfera da vida era considerada sagrada o suficiente para ter uma representação divina.
A presença do cristianismo na cultura celta
Só para te situar, nas tribos celtas haviam os druidas que eram responsáveis pela religião. E dependendo do tipo de druidismo (ou cargo) a ser praticado, uma pessoa poderia passar mais de 20 anos estudando.
Com o passar dos séculos o povo celta fora dominado pelos romanos. Depois o cristianismo começou a surgir e a se espalhar pela Europa até chegar nos territórios celtas. Segundo o livro “Guia da Mitologia Celta”, em alguns países em que a cultura celta fora mantida, o próprio povo aderiu ao cristianismo.
“Ao mesmo tempo em que o cristianismo se espalhava pelo Império Romano, populações de áreas não conquistadas da Escócia, Irlanda e País de Gales passaram a adotar espontaneamente o cristianismo”.
Lentamente escolas e mosteiros começaram a surgir nesses países, até chegarem ao ponto se tornarem muito famosas mundo a fora. Aqueles que desejavam buscar conhecimento e estudar, iam para esses países.
Uma figura que se destaca nesse quesito é São Patrício, o apóstolo da Irlanda. Vivendo uma vida bem sofrida ao ser vendido como escravo e fugindo cerca de 3 vezes, ele encontrara refúgio em uma abadia, onde vivera por quatro anos. Foi nesse período de tempo que ele começou a estudar sobre o cristianismo ao ponto de ser recomendado pelo abade do mosteiro.
Só que há um porém. Durante os seis anos em que fora escravizado após ser capturado por piratas, São Patrício teve um mentor druida que lhe ensinou sobre a cultura celta. E depois de chegar na abadia e ser recomendado substituir um bispo cristão, São Patrício conseguiu misturar o druidismo com o cristianismo.
Mais precisamente, revestiu os preceitos místicos dos celtas com símbolos cristãos.
Sobre os templos e as árvores celtas
Muito bem, como dito anteriormente dificilmente se encontraria algum templo voltado para alguma divindade. Mas isso não quer dizer que não existiam. Afinal de contas, arqueólogos encontraram algumas construções na Irlanda, País de Gales e outras regiões, que se assemelhavam aos templos.
“A paisagem tinha uma influência muto grande na mística desse povo. Havia templos, mas não eram tão comuns quantos as catedrais naturais, isto é, bosques, nascentes e poços, onde realizavam seus cultos. As fontes e florestas eram os locais mais cultuados”.
Uma vez que olhamos para as divindades presentes na mitologia, conseguimos compreender o quão profundo era a relação entre os celtas e as árvores. Muitos nomes de divindades, quando traduzidas, se referem a alguma espécie de árvore. Até mesmo os reis e rainhas tinham tais significados em seus nomes.
Segundo a crença celta, elas eram vistas como Deusas, sendo guardadas por fadas. Cada tipo de árvore detinha um atributo e poder. Geralmente habitadas por espíritos da natureza, quando uma perecia o espírito passava a habitar outra árvore. Sendo assim, venerar uma árvore significava honrar a divindade que habita nela.
Como eram cultuadas as árvores
Dentre as práticas que se sabe, havia a de amarrar faixas, fitas ou panos com o intuito de curar algum mal. A oferenda era amarrada na árvore com lã crua, pois os celtas acreditavam que ela absorvia substâncias maléficas. Também haviam aqueles que pregavam os panos e faixas nas árvores.
A prática ficou bastante conhecida nos folclores celtas, que contavam com árvores pregadas não somente com panos, mas com objetos como medalhões, fivelas, ferraduras e moedas. Esse seria o caso da conhecida árvore Carvalho de Maelrubha. Outra árvore conhecida pelo folclore é o Carvalho Lapalud, que era pregada por homens que trabalhavam com martelos (ferreiros, carpinteiros, pedreiros). Quando eles passavam pela primeira vez na frente de Lapalud, pregavam nela.
O guia fala que há uma árvore que corresponde ao Lapalud, sendo chamada de “Stock-im-Eisen”, sendo preservada até os dias atuais cheia de pregos. Está contida em uma redoma de vidro em Viena.
Leia também:
- Mitologia celta: introdução à uma cultura
- Divindades celtas: figuras femininas da mitologia
- Divindades celtas masculinas – Primeira parte
Conclusão
Essa é a primeira parte de um post onde fiz um resumo de um capítulo do livro “Guia da Mitologia Celta”, onde foca na religião que os celtas tinham antes de serem dominados pelos romanos. A leitura desse livro é recomendada, pois trás muita informação histórica interessante que serve de base para o neopaganismo praticado pelas bruxas naturais.