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Diário pessoal como dever de casa

Diário pessoal na terapia

 

Diário pessoal na terapia

Se você já foi a uma terapia, ou está estudando sobre a psicologia, com certeza ouviu falar sobre um “dever de casa” envolvendo um diário. Chega a parecer um clichê, assim como o seu significado, não é mesmo? No entanto, por mais clichê que pareça ela é eficiente, basta que a pessoa tenha comprometimento com a atividade.

O diário tem como objetivo da pessoa escrever sobre suas experiências e explore seus sentimentos, gerando uma auto reflexão. Alguns profissionais tornam o diário como uma temática apenas, por exemplo um diário de sonhos, um para narrar o dia, outro para que pessoa fale sobre seus medos, escrever um poema, etc.

O profissional irá adaptar o tema do diário de acordo com a demanda do paciente. Leve em consideração se o seu paciente gosta de escrever, se ele tem compromisso (isso percebe se ele chega atrasado na sessão ou se falta muito), e também que tipo de escrita ele gosta, alguns podem pender para poemas, outros preferem fazer em forma de tópicos, outro podem preferir fazer colagem do que escrever.

Também determine junto com o paciente, qual o momento do seu dia para escrever. Um momento em que ele esteja calmo, sem nenhuma tarefa rotineira para ser feita, onde ele não se sinta pressionado a terminar de escrever rapidamente. Se tiver algum cômodo da casa ou do trabalho que dê ao paciente essa liberdade para relaxar. Afinal a intenção do diário não é somente externalizar sentimentos e emoções, mas também refletir sobre elas. Se o paciente se sente ansioso ou irritado, até mesmo sonolento, pode ser que as informações contidas no diário sejam superficiais.

Nesses casos, poderá colocar no diário uma espécie de escala de humor. Para que o paciente coloque o que ele está sentindo. Tudo bem que ás vezes fica bem nítido as emoções e humores na escrita, mas deixar explicito pode ser uma forma do paciente dizer a si mesmo que ele está cansado, está irritado, está feliz, está triste, etc. E a descrição do seu dia pode detalhar o que aconteceu no seu dia para que se sinta de tal maneira.

E vale lembrar ao seu paciente que o diário é apenas dele, que é algo pessoal. Digo isso pois algumas pessoas podem se sentir envergonhadas em começar um diário, chegando a pensar que se sente ridículo já que o diário é socialmente vinculado a algo de adolescentes. Talvez demore um pouco para que o paciente se sinta a vontade ao escrever, ou não se sinta.

Essa questão de como a pessoa se sente ao escrever o diário pode ser refletido durante a sessão, para que ele possa desenvolver o próprio método de usar o diário de modo que seja confortável a ele. Como é um espaço privado do próprio paciente, lembre a ele que poderá fazer o que quiser para cumprir da tarefa. O objetivo é se expressar, e quando for ler se auto perceber.

A autopercepção é algo que os terapeutas usam em suas sessões, quando fazem perguntas retóricas. A terapia não é para o terapeuta dar a resposta, mas que o próprio paciente a encontre. O diário acaba por fazer esse trabalho, e o paciente perceberá que foi ele mesmo que escreveu, que não é algo induzido pelo terapeuta ou outros pensamentos do tipo. É surpreendente perceber no diário certos comportamentos que temos, e que estão tão aparentes, mas por conta do dia a dia acabamos por não notar ou até mesmo fingir que não notamos.

Claro que para isso a pessoa precisa estar motivada e disposta, não vai adiantar fazer a atividade do diário com uma pessoa que se quer tem interesse em se perceber, ou que acha que tudo não passa de bobagem.

Caso queiram ir um pouco mais além, incentivem os pacientes a decorarem o diário. Seja fazendo uma nova capa, ou desenhando em páginas, procure exercitar essa criatividade. Além de que artesanato ou pintura podem ajudar na questão motora do corpo, deixando o diário mais pessoal, “a cara dele” digamos assim.

“Devo conversar com o paciente sobre o que ele escreve no diário?” Isso irá depender da abertura que seu paciente irá dar a você. Recomendaria que pergunte algo do tipo “Como está indo o diário, está se sentindo confortável?” ou então “Tem escrito no seu diário?”. Tente puxar o assunto, mas preste bastante atenção na forma como o paciente irá te responder. Pode ser que ele não dê muita abertura para falar sobre, então respeite! Contudo, pode ser que ele fale abertamente como se sentiu ao escrever, o que ele percebeu, o que fez para personalizar, como se sente por ter algo que pertence apenas a ele mesmo.

Com essa abertura vinda do próprio paciente, poderá ver o quão eficaz a atividade está sendo para a demanda trazida inicialmente.

“E se o paciente pedir para que eu leia o seu diário, o que devo fazer?”. Infelizmente não sei o que dizer sobre isso, pois há de depender de cada caso. Pode acontecer do paciente não conseguir muito bem como se perceber, e peça a sua ajuda para compreender, nesse caso poderia ser como um leve empurrão para que ele passe a ver sozinho os seus sentimentos e comportamentos.

Da mesma forma que o paciente pode te pedir para ler, afim de discutam sobre o que está escrito. Seria como uma conversa para que ambos refletissem. Você como profissional neutro, pode trazer uma outra visão que ajude o seu paciente a compreender sobre o que está escrito.

De modo geral, o próprio paciente lhe dar a abertura para ler, pode ser um sinal de que ele está pedindo a sua ajuda para se entender daquilo que escreveu. Mas aqui já aviso, você não é um professor corrigindo um dever de casa do seu aluno. É essencial que você incentive o seu paciente a refletir, que você seja apenas um singelo guia dessa caminhada. Incentive-o a tomar a iniciativa de se conhecer. Alguns pacientes precisam que essa linha de limite seja traçada desde o inicio.

Mas é como eu disse antes, essa atividade irá depender do paciente e sua demanda. Na medida em que ocorrem as sessões e na forma como o paciente vai reagindo ao diário, o profissional irá moldando as bordas para que a eficácia da atividade ocorra positivamente.

Ok, falamos bastante sobre os objetivos do diário, como podemos exercitar a criatividade e movimentos, sobre como poderá ser abordado o tema do diário na sessão. Mas o que podemos colocar dentro do diário?

Não tem segredos, podem ser desde o básico que é apenas um caderno para o paciente decorrer sobre o dia e suas emoções, mas também poderá haver certos detalhes que o terapeuta deseja que o paciente reflita diretamente. Se você sentir que seu paciente tem dificuldade de interpretar seu próprio relato, tirar informações dele, então você poderá montar alguns tópicos para que o paciente responda depois de escrever o relato.

Esses tópicos tem a função de orientar o paciente a refletir sobre aquilo que escreveu, sentiu, etc. Lembro a vocês que esses tópicos serão criados por você e seu paciente, de acordo com a demanda. Estou apenas dando ideias para vocês terem um parâmetro.

Como se sentiu hoje? Animado, feliz, entediado, sonolento, triste, enraivecido, surpreso.
O que mais gostou do seu dia?
O que menos gostou do seu dia?
O que comeu de diferente hoje?
O que fez de diferente de sua rotina?
Como se sentiu ao adaptar sua rotina?
Algo chamou a sua atenção?
Algo que aconteceu hoje, pelo qual se sente agradecido.
Algo que notou em seu dia que precisa melhorar.
Uma frase que resuma o seu dia
Qual foi o clima de sua cidade hoje?
Se sentiu mais ou menos disposta(o) hoje?
Fez alguma leitura hoje?
Assistiu algum filme ou série?
Um passeio que gosta de fazer
É seu dia de folga, o que fez para descansar?
Sentiu vontade de aprender algo novo?
Como você pretende aprender esse algo novo?
Teve algum problema em seu trabalho/escola/faculdade hoje?
Como resolveu o problema?
O que acha que pode resolver o problema?

Enfim gente, foram apenas sugestões que deixei aqui. Analise bem o caso do seu paciente, confie em sua percepção e dialogue com ele para que a tarefa do diário possa ser eficaz.

Espero que tenham gostado do tema de hoje, e até a próxima!

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